Os avanços das pesquisas com variedades de cana tolerantes à seca

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Para minimizar o impacto da menor disponibilidade hídrica na produção de cana-de-açúcar, a Embrapa Agroenergia está utilizando estratégias de engenharia genética para obter uma variedade geneticamente modificada tolerante à seca. A pesquisa já passou pelos testes em laboratório e casa de vegetação. Para os experimentos em campo, a Embrapa Agroenergia conta com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Os dez materiais mais promissores foram plantados em Piracicaba (SP), em área do CTC, para multiplicação.

A pesquisa começou em 2008 e tem como parceiro o Centro Internacional de Pesquisas para Ciências Agrárias do Japão (Japan Internacional Research Center for Agricultural Sciences – JIRCAS), instituição que detém a patente do gene utilizado na transformação genética de cana. O pesquisador Hugo Bruno Correa Molinari, explica que a tolerância à seca é, se não a primeira, a segunda característica de maior importância para a cana. “O setor sucroenergético precisa de variedades mais tolerantes à seca, até porque as novas áreas de expansão da cultura têm problemas de estiagem prolongada ou chuvas irregulares”, comenta.

O problema é que tolerância à seca é uma característica complexa de ser trabalhada em plantas, uma vez que envolve grande número de genes e mecanismos fisiológicos. Tanto é que, atualmente, no mundo todo, só estão disponíveis para os agricultores duas variedades transgênicas de culturas agrícolas tolerantes à seca: uma de milho, desenvolvida pela Monsanto, e outra de cana, disponível na Indonésia, por meio de uma parceria entre a PT Perkebunan Nusantara XI, a Universidade de Jember e a Ajinomoto. A revista Nature Biotechnology listou outros oito projetos de pesquisa em fase avançada de desenvolvimento com esse objetivo, entre eles o da Embrapa em parceria com o Jircas, que inclui a transformação genética de outras culturas além da cana.

Justamente por causa da complexidade da tolerância à seca, os pesquisadores da Embrapa utilizam um gene que codifica proteínas reguladoras de diversos outros genes. “Como é muito complexo, eu tenho que ativar vários mecanismos que façam a plantar utilizar mais eficientemente o recurso água”, detalha Molinari. “Por isso, a equipe utiliza a estratégia de engenharia genética de trabalhar com um “gene que controla outros genes”.

As avaliações em casa de vegetação indicam que os materiais transformados não só ganharam tolerância à seca, mas também apresentaram aumento no teor de sacarose e da taxa de brotação, além de resistência a herbicida. No entanto, ainda são necessários os testes em condições reais de campo, previstos para começar agora em 2016, para que os pesquisadores possam comprovar os resultados.

Na Embrapa Agroenergia há ainda duas outras linhas de pesquisa de engenharia genética com cana-de-açúcar: uma para aumento de conteúdo de biomassa e outra para modificação da parede celular. Esta última visa a facilitar o acesso aos açúcares do bagaço e palha, o que favoreceria a produção de etanol celulósico (2G) e outros produtos de alto valor agregado.

Canal -Jornal da Bioenergia 

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