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Retrospectiva Canal 2021 / Novas matérias-primas para biodiesel

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No Brasil, cerca de 70% do biodiesel produzido vem da soja. Uma situação que torna o setor vulnerável às oscilações de disponibilidade e, consequentemente, de preço do grão no mercado. Buscar alternativas para ampliar a oferta de matérias-primas, aproveitando a biodiversidade brasileira, é um desafio. De acordo com Rafael Menezes, Coordenador-geral de Estratégias e Negócios da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o biodiesel está entre as prioridades da estratégia de ciência, tecnologia e inovação do Ministério, que conta com um plano específico para atuar em pesquisa e desenvolvimento nessa área.

“A produção de biodiesel está na dependência de uma única fonte de matéria-prima, o que, de certa forma, contrapõe o que era o objetivo inicial do programa de biodiesel, que era sustentar a sua cadeia de produção e uso com base na diversidade das matérias-primas existentes nas cinco regiões do país”, diz Rafael Menezes.

Trabalhando há vários anos em busca de novas alternativas, o pesquisador Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia ressaltou a importância do papel da soja na cadeia produtiva do biodiesel. “A soja foi, é e continuará sendo a principal matéria-prima para o biodiesel no Brasil. Isso devido, principalmente, ao desenvolvimento que essa cultura teve no país nos últimos anos”, afirma.

A despeito da hegemonia da soja, o pesquisador defende a necessidade de o Brasil trabalhar pela diversificação. “É importante que a gente tenha outras opções para que o país não fique na dependência dos riscos inerentes a uma ou poucas fontes de matérias-primas”, defendeu Laviola. “Além disso, a diversificação traz um componente ambiental, social e econômico muito importante, principalmente nas diferentes regiões do Brasil gerando novas fontes de renda”, explicou o supervisor do Núcleo de Desenvolvimento Institucional da Embrapa Agroenergia.

Nesse sentido, o pesquisador destaca três apostas de oleaginosas com grande viabilidade para serem utilizadas como matéria-prima na produção de biodiesel no Brasil. Segundo Bruno Laviola, as alternativas mais promissoras são a palma de óleo (dendê), que é a oleaginosa responsável pela maior produção de óleo no mundo; a macaúba, que é nativa do Brasil e tem, entre suas vantagens, um grande potencial produtivo; e a canola, que é a terceira maior oleaginosa em termos de produção de óleo no mundo, ficando atrás apenas da palma e da soja.

Conhecido pela sua biodiversidade, o Brasil tem condições de produzir novas matérias-primas até mesmo em áreas climaticamente desfavoráveis à agricultura, como o Semiárido brasileiro. Os estudos para o cultivo de cártamo na região, realizados pela professora e pesquisadora Juliana Lichston, no Laboratório de Investigação de Matrizes Vegetais Energéticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mostram que isso é perfeitamente possível.

“Temos uma parceria muito sólida há 4 anos, com a Ben-Gurion University, de Israel, que tem um know how incrível no cultivo de plantas em ambientes desérticos. Estamos buscando essa tecnologia. Não só importando, mas construindo uma metodologia juntos, que seja adaptada à região semiárida brasileira”, explica Juliana Lichston, que coordena o laboratório.

A busca pela diversificação, entretanto, não se restringe apenas a pesquisas com vegetais. Professor do Departamento de Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina, o pesquisador Roberto Derner vem estudando há vários anos a utilização de microalgas como matéria-prima para produção de biodiesel.

“Praticamente, de quase todas as microalgas é possível fazer biodiesel. Algumas delas são muito melhores, têm maior teor de lipídios de interesse. Além disso, as microalgas, quando comparadas a outras matérias-primas, têm maior produtividade, podem ser cultivadas em áreas impróprias para a agricultura convencional, com água e solo impróprios, ou seja, possuem uma série de vantagens”, explicou Roberto Derner, que é supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas da UFSC. Canal com Ubrabio

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