Foto: Divulgação John Deere

O potencial das florestas energéticas no Brasil

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As energias renováveis tem aumentado a cada ano sua participação na matriz energética nacional. Fontes como energia eólica, solar e, principalmente, a biomassa estão sendo cada vez mais valorizadas.

Desde os primórdios o homem queimava as florestas para obter calor e energia. A queima de madeira ainda é uma forma para a geração de energia, por isso, as florestas energéticas são plantadas em todo o território nacional.  Este termo representa plantações florestais de curta duração e talhões adensados – com grande número de árvores por hectare- com o objetivo de produção de biomassa – lenha, carvão vegetal etc. – para conversão energética seja térmica, elétrica ou outra. É importante ressaltar que as florestas energéticas são diferentes das nativas.

Segundo o pesquisador e engenheiro florestal da Embrapa Florestas em Colombo (PR), Guilherme de Castro Andrade, desde 2006, o Governo Federal em parceria com a Embrapa desenvolveu o Plano de Agro Energia, que visa a substituição de combustíveis fosseis. Consecutivamente, foram criadas quatro prioridades: o biodiesel; oleaginosas; o etanol, preferencialmente de origem da cana-de-açúcar; e a biomassa florestal.

Assim, a silvicultura seja para a produção de energia por biomassa ou para a produção de celulose está presente em vários estados do país. A principal espécie utilizada é o eucalipto, indicado para a produção de lenha e de carvão vegetal, que no passado era produzido a partir das árvores nativas. A espécie é selecionada por apresentar alto crescimento e densidade, além de ter inúmeros protocolos e variedades que apresentam alto teor de lignina e poder calorífico.

Segundo o professor doutor do Laboratório de Qualidade da Madeira e Bioenergia (LQMBio) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Carlos Sette Júnior espécies alternativas como a acácia tem sido muito utilizada para fins energéticos. Andrade complementa que em cada região do país tem uma peculiaridade, como tipo do solo, clima, pluviosidade. Por isso, em alguns estados outras espécies também são utilizadas. Na Região Norte usa-se o tachi branco, uma espécie nativa da região. No Nordeste devido às limitações da região, como grandes ciclos de seca, utiliza-se uma variedade de eucalipto mais tolerante à seca.

Em território nacional

O Brasil se destaca mundialmente pela produção de florestas plantadas. “O país é um dos maiores produtores e consumidores de produtos florestais”, pontua Carlos. Dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), de 2013, foram estimados 7.6 milhões de hectares de florestas plantadas no país, sendo as espécies de maior relevância: eucalipto (Eucalyptus spp. e Corymbia spp. – 72%), pinus (Pinus spp. – 20,7%), seringueira (Hevea brasiliensis – 2,27%), acácia (Acacia mangium e A. mearnsii – 1,93%), teca (Tectona grandis – 1,16%) e paricá (Schizolobium amazonicum – 1,15%). Outras espécies somam 0,82%

Ainda segundo a Ibá, a produção de madeira in natura oriunda de plantações florestais, em 2013, foi de 185.273.466 m³, com aumento de 1,8% em relação a 2012. Destes, cerca de 65.193.700 m³ foram consumidos para polpa de celulose e papel; 50.024.128 m³ como lenha industrial; 23.533.724 m³ na produção de carvão vegetal; 22.523.049 m³ em serrados e outros produtos sólidos; 20.264.031 m³ em painéis de madeira, 1.824.012 m³ como madeira tratada e 1.910.821 m³ em outros produtos.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2013, a área ocupada pela silvicultura intensiva abrange apenas 0,89% do território nacional e 1,75% das terras agriculturáveis brasileiras, o Estado que se destaca é Minas Gerais, que é o principal produtor de energia a partir da madeira proveniente de florestas plantadas em função da presença maciça da indústria siderúrgica que utiliza o carvão vegetal no processo de produção de ferro-gusa, ferro-ligas e aço.

A John Deere Florestal confirma esse crescimento. A empresa pontua que os estados que mais comercializam máquinas para colheita florestal são justamente os maiores produtores de florestas plantadas, como Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O professor da UFG, a biomassa proveniente de florestas energéticas é uma das fontes de energia renovável com maior potencial de desenvolvimento para os próximos anos e é apontada como uma das principais opções para diversificar a matriz energética nacional e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

Atualmente, os produtos florestais ocupam a quarta colocação no ranking de exportações brasileiras. Acompanhando esse cenário, a Indústria Brasileira de Árvores crê dobrar entre 2020-2030 área com florestas plantadas.  “O aproveitamento energético e racional da biomassa tende a promover o desenvolvimento de regiões menos favorecidas economicamente, por meio da criação de empregos e da geração de receita, reduzindo o problema da dependência externa de energia”, explica.

Rodrigo Junqueira, gerente de vendas da John Deere Florestal do Brasil, complementa que o Brasil tem as condições necessárias para o desenvolvimento da atividade das florestas plantadas por possuir solo em abundância e condições climáticas corretas, que garantem ciclos produtivos de curta rotação e uma inegável vantagem frente a demais países que possuem atividade florestal. “Também temos no país tecnologias disponíveis para os produtores e uma preocupação com sustentabilidade”, pontua.

Evolução

O setor energético brasileiro é largamente baseado no uso de fontes renováveis, a biomassa, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), é responsável por cerca de 10% da matriz energética. “Neste cenário, a bioenergia está se tornando cada vez mais importante, tanto para a geração de eletricidade como para a produção de biocombustíveis a partir da biomassa e o Brasil possui excelentes condições edafoclimáticas e territoriais para a ampliação da participação da biomassa agrícola e florestal na matriz energética nacional. O país detém o conhecimento e a tecnologia necessários para a produção de biomassa florestal para energia, com vantagem competitiva no cenário mundial”, fala o professor.

Em Goiás

As florestas plantadas no Estado de Goiás são formadas principalmente por espécies de eucalipto que visam suprir as demandas de madeira para várias finalidades, entre elas para a bioenergia a partir da produção de lenha e carvão vegetal. Os municípios de Rio Verde, Campo Alegre de Goiás, Ipameri, Catalão, Abadiânia, Niquelândia e Alexânia se destacam na produção de florestas energéticas em função da presença da agroindústria, indústria minero-química e posição geográfica próxima aos grandes centros consumidores.

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

 

 

 

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