Entrevista/Etanol de milho: produção deve chegar a 4,5 bilhões de litros

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Guilherme Linares Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), fala sobre as expectativas para a safra 2022.

­­­Canal – Jornal da Bioenergia: A Unem aguarda um avanço de 31% da safra em 2022 em relação ao ano anterior. Quais os motivos deste crescimento?

Guilherme Linares Nolasco : O início da operação de algumas unidades deverão impulsionar, como  é caso da unidade da Inpasa de Dourados que começou produzir etanol em maio. A unidade tem capacidade para produzir 400 milhões de litros de etanol ano na primeira fase e na segunda fase a produção será duplicada, alcançando 800 milhões de litros de etanol a partir do processamento de processando 1.8 milhão de toneladas de milho. Além disso, nos últimos anos algumas indústrias ampliaram a capacidade de produção e outras deverão aumentar ao longo de 2022.

Canal: Qual foi a produção de 2021? Qual a expectativa para este ano?

Guilherme: A safra 2021/2022, que se encerrou em abril, totalizou com a produção de 3,43 bilhões de litros de etanol. Para a temporada 2022/2023 a produção deverá alcançar 4,5 bilhões de litros.

Canal: Quantas usinas hoje produzem etanol de milho? Há expectativas de novas plantas para entrar em funcionamento ainda este ano? E para o futuro?

Guilherme: Atualmente 18 usinas estão em operação no Brasil, sendo dez unidades flex, ou seja, com possibilidade de produzir etanol de cana de açúcar e de milho, e oito unidades exclusivas de etanol de milho. Em maio, a unidade de Dourados (MS) entrou em operação e há expectativa que uma unidade em Maracaju (MS) comece a operar ainda este ano. Outros projetos deverão ser confirmados em 2023, com unidades em Mato Grosso, Pará, Bahia e no Sul do país.

Canal: Qual a capacidade existente hoje de produção do etanol de milho? Hoje ela é toda utilizada?

Guilherme: A capacidade instalada para produção de etanol de milho no país é de 16,8 milhões de litros por dia. A média de utilização é de 86%.

Canal: Quantos empregos o setor gera?

Guilherme: Em 2020, último levantamento da Rais/Caged, o setor do etanol (milho e cana) registrou 123,03 mil postos de trabalho, volume 10% superior ao ano anterior.

Canal: A guerra entre Rússia e Ucrânia impactou o setor? Como?

Guilherme: A crise internacional provocada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem impactos nos preços de todas as commodities e gera incertezas na economia mundial, não apenas na cadeia produtiva de combustível. Tudo isso é muito preocupante porque gera instabilidade. Por outro lado, vai provocar discussões importantes, como sobre a necessidade de investir em matriz energéticas de fontes renováveis e sobre a necessidade de diminuir a dependência do petróleo. Pode ser uma oportunidade para incentivar as inovações no setor de biocombustíveis, especialmente para a produção de etanol.

Canal: A queda da última safra de cana gerou impacto na produção de etanol de milho?

Guilherme: O que houve foi um suporte maior no abastecimento de etanol a partir da produção do produto derivado de milho, ajudando a reduzir os impactos da quebra de safra no mercado.

Canal: Mato Grosso é o maior e produtor de etanol de milho. Quais os outros?

Guilherme: Além de Mato Grosso, há cinco unidades em operação em Goiás, uma no Paraná, uma em São Paulo e, agora, uma unidade em Mato Grosso do Sul.

Canal: Como está a produção de etanol de milho em Goiás?

Guilherme: O estado foi responsável pela produção de 0,09 bilhão de litros na safra 21/22 e para a próxima safra está estimada a produção de 0,10 bilhão de litros de etanol de milho.

Cejane Pupulin-Canal Jornal da Bioenergia

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