Agência Brasil

Bioeletricidade sucroenergética pode contribuir na inserção da fonte solar na matriz elétrica

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A expansão de fontes de geração consideradas intermitentes, como a eólica e a solar, tem trazido preocupação sobre como a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) poderá ficar mais complexa com a inserção dessas duas renováveis na matriz elétrica brasileira. Por outro lado, um aumento no fornecimento de bioeletricidade sucroenergética para a rede pode ser uma das opções para reduzir esse nível de intermitência e garantir a segurança do SIN. Este foi um dos temas discutidos na 6ª edição do Ecoenergy, durante o painel “Combinação das fontes solar e biomassa: quais são os estímulos e benefícios dessa parceria?”, realizado no último dia 10 de maio, em São Paulo.

Com a participação do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, o painel, moderado pelo diretor da Invex Participações e Negócios, Fernando Phebo, e que também teve as presenças do engenheiro de sistemas de potência, Emmanuel Chaves e do diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), César Borges de Sousa, ocorreu paralelamente a 5ª edição da EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar.

“A crescente inserção das fontes solar e eólica é muito bem-vinda e acredito que eventuais incertezas quanto às suas integrações junto ao SIN serão superadas. A bioeletricidade sucroenergética pode ajudar nesta questão principalmente por apresentar uma geração previsível e estável na safra, justamente no período seco do ano, e também com possibilidade de geração até na entressafra, desde que haja planejamento. Isso contribui, portanto, para diminuir o nível de intermitência na operação de um portfólio de fontes cada vez mais dinâmico”, comenta Souza.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a fonte solar possui apenas 27 MW instalados atualmente, enquanto a biomassa detém mais de 14 mil MW de potência outorgada. Contudo, a perspectiva de crescimento da geração solar será significativa nos próximos anos. Até 2018, a previsão da ANEEL é que as usinas solares fotovoltaicas agreguem aproximadamente 1.800 MW, enquanto a biomassa instale apenas 1.395 MW.

A estimativa da ANEEL é que somente as fontes eólica e solar sejam responsáveis por acrescentar aproximadamente 5,4 mil MW até 2018, significando agregar quase metade de uma usina Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo em potência instalada. “Contratar cada vez mais fonte eólica e solar é algo esperado e desejável, mas os agentes públicos devem buscar diretrizes que mantenham ritmo de contratação semelhante para a bioeletricidade da cana, pois será uma ação que contribuirá para manter o sistema o mais equilibrado possível nos próximos anos”, avalia o especialista da UNICA.

Souza lembra que em dezembro do ano passado, o Governo Federal apresentou metas para a matriz elétrica durante a Conferência do Clima (COP21), ocorrida em Paris. Uma delas foi de elevar a produção de energia solar, eólica e biomassa para ao menos 23% da geração de eletricidade do Brasil até 2030. Em 2014, a produção de energia solar, eólica e biomassa foi em torno de 10%. “A bioeletricidade é uma fonte que poderá auxiliar no cumprimento desse compromisso, e ao mesmo tempo ajudar na difícil tarefa de operar um sistema interligado cuja complexidade é cada vez maior”, conclui. Unica

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