Investimentos para produção de bioquerosene de macaúba

Pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) desenvolveram uma tecnologia inédita que acelera a germinação da macaúba — palmeira típica do Cerrado — e abre caminho para uma nova era na produção de biocombustíveis no Norte de Minas. Com apoio do Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o avanço promete transformar a região em um polo estratégico de bioenergia sustentável.

O método, criado pela equipe coordenada pelo professor Leonardo Ribeiro, reduziu de dois anos para apenas duas semanas o tempo de germinação das sementes da macaúba. O feito elimina uma das principais barreiras ao cultivo comercial da espécie e viabiliza a produção em larga escala. “Nosso grupo trabalha para gerar tecnologias que tornem possível a implantação de cultivos comerciais e a expansão de uma cultura que tem atraído o interesse de empresas e do poder público”, destaca Ribeiro.

A inovação surgiu no Laboratório de Reprodução Vegetal da Unimontes, que identificou um mecanismo natural de dormência nas sementes — responsável por retardar o crescimento das plantas. A superação desse obstáculo abriu caminho para a produção de mudas em ritmo industrial. “A macaúba é uma das espécies mais oleaginosas conhecidas. Nosso objetivo é entender seus processos reprodutivos e aplicá-los em modelos de produção sustentável”, explica o pós-doutorando Túlio Oliveira, bolsista da Fapemig.

O resultado do trabalho foi patenteado pela Unimontes em 2013, reconhecido oficialmente em 2018 e transferido, em 2023, para a empresa Acelen Energia Renovável — multinacional que atua no setor de energia limpa.

Investimento bilionário e impacto regional
A parceria garante o pagamento de royalties à universidade e marca o início de um ciclo de investimentos que ultrapassa R$ 300 milhões. No total, o projeto da Acelen prevê aportes de até R$ 3 bilhões em plantios e unidades de beneficiamento, consolidando a macaúba como principal matéria-prima nacional para a produção de bioquerosene de aviação.

Com a transferência da tecnologia, Montes Claros passou a abrigar o maior centro de inovação do mundo voltado à pesquisa com macaúba. A unidade aplica o protocolo desenvolvido pela Unimontes e tem capacidade para produzir até 10 milhões de mudas por ano. A meta é implantar entre 100 e 200 mil hectares de cultivo nos próximos anos.

“É gratificante ver que um conhecimento gerado dentro da universidade está se transformando em desenvolvimento regional, gerando emprego e renda e projetando o Norte de Minas no mapa da bioeconomia”, comemora o professor Leonardo Ribeiro. Canal-Jornal da Bioenergia com dados da Ubrabio

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