Sistema Faeg Senar e parceiros buscam ampliar conhecimento no campo

Print Friendly, PDF & Email

Seja da porteira para dentro ou para fora, Goiás já comprovou que é um Estado com aptidão para a agropecuária. Dos 246 municípios, 77 têm o agro como principal composição do Produto Interno Bruto (PIB). Ao avaliar as cidades onde o setor está como segunda ou terceira atividades mais importantes, o número sobe para 183 municípios.

Por toda representatividade, é um segmento que também tem sido conduzido por milhares de famílias goianas, de geração para geração, com o desafio de integrar a experiência com a inovação tecnológica. E foi justamente a possibilidade de inovar que manteve a jovem Emily Rocha de Almeida Paim, de 26 anos, trabalhando na propriedade do pai, José Celestino, no município de Ipameri. Após concluir a graduação em Medicina Veterinária, em Uberlândia (MG), a goiana recebeu uma boa proposta de trabalho, mas resolveu assumir o compromisso de suceder o pai no cultivo de soja e milho, assim como na pecuária de corte. “A escolha da profissão de veterinária foi o primeiro passo rumo ao planejamento de sucessão familiar. Meu pai é muito conectado e me desafia a buscar soluções tecnológicas para as demandas da fazenda. A decisão final ainda é dele, mas o bom é que nos relacionamos bem e ele compartilha tudo que acontece comigo. Conquistar essa confiança foi muito importante”, afirma.

Emily compartilha o gosto pelo campo com mais de mil jovens que integram o programa Faeg Jovem, desenvolvido pelo Senar Goiás com o objetivo de despertar na juventude o interesse pelo agronegócio e estimular a formação de novas lideranças, que saibam aliar conhecimento, experiência e novas tecnologias às ferramentas de gestão e empreendedorismo mais apropriadas para a atividade rural. Criado há quatro anos, o programa já formou mais de 100 grupos comprometidos com a atividade rural em todo estado.

O gerente de Formação Profissional Rural do Senar Goiás, Leonnardo Cruvinel, destaca que as formações são regionais e estadual e que para este segundo semestre de 2020 conta com a parceria da Bayer. “Enriquecerá nosso programa, disponibilizando cursos em cinco frentes de trabalho, com tecnologias para agricultura, pecuária de leite, inovação, liderança e sucessão. As capacitações vão ocorrer de agosto a novembro de 2020, em aulas remotas”, informa.

Para o superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges, o propósito do Programa Faeg Jovem vai além da porteira, formando jovens para serem protagonistas no campo. “O Sistema Faeg Senar desenvolve programas com o propósito de formar lideranças do agro, preparando a juventude para dar continuidade ao trabalho na propriedade e também para ocupar espaços importantes nas entidades que representam o setor, como os sindicatos e as federações”, pontua.

O diretor geral do Senar, Daniel Carrara, destaca que, mesmo a idade média dos agricultores no Brasil ser acima de 50 anos, conforme dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é cada vez maior o número de jovens atuando no campo. “Eles acompanham, desde cedo, o trabalho dos seus pais nas plantações e todas as técnicas que realizam para manejo, irrigação e gestão de solos. Porém, com um diferencial. A tecnologia, principal encarregada por aumentar a rentabilidade, qualidade e sustentabilidade das produções têm mantido o jovem nas atividades rurais”, analisa.

Desafios

De acordo com dados do IBGE, a agricultura familiar responde por quase 86% das propriedades do estado goiano e representa mais de 70% da mão-de-obra no segmento. São tímidos os dados específicos sobre a realidade das empresas familiares no setor, porém, os sindicatos rurais ligados à Faeg apontam a sucessão familiar como um desafio. A 9ª edição da Pesquisa sobre Empresas Familiares da PwC, realizada em 2018, analisou 2.953 negócios familiares em 53 países e revelou aspectos fundamentais para o crescimento da sucessão familiar no agro brasileiro.

Segundo a pesquisa, menos de 50% das empresas rurais no Brasil têm planejamento para o processo de sucessão. Esse percentual mais que triplicou em relação a 2014, quando era de 11%. De todo modo, os resultados ainda não acompanham os números. Talvez esse fato justifique porque apenas 12% das companhias familiares chegam até a quarta geração e somente 3% vão além, segundo a National Bureau of Economic Research Family Business Alliance. Os dados revelam que o tema sucessão geralmente é abordado somente depois do falecimento do patriarca da família e geralmente, questões familiares se misturam à gestão da fazenda, o que compromete o processo de sucessão saudável para o negócio.

O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, defende que um plano de sucessão deve ser encarado como continuidade dos negócios e tem duas grandes dimensões: a propriedade e a gestão. “As empresas familiares têm a opção de passar o controle de ambas para a próxima geração ou de transferir-lhe apenas a propriedade e não a gestão. Outro fator é a tecnologia digital que, associada à nova geração, está revolucionando o agronegócio, podendo ser uma grande oportunidade para as empresas familiares”, define Antônio Carlos.

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Agricultura tem buscado fortalecer parcerias para promover a sucessão familiar no campo e observou no diagnóstico do setor (Radiografia do Agro em Goiás), realizado este ano, que é preciso focar ainda mais na fixação do homem no campo e um dos desafios é expandir o acesso tecnológico para que todos se beneficiem dos recursos de inovação. “Notamos que distância entre a cidade e o campo está diminuindo, principalmente pelo incremento tecnológico, e isso torna o ambiente favorável para sucessão familiar”, garante o secretário.

“O processo de transição na agricultura, no qual os filhos assumem a propriedade dos seus pais se constrói com base em três características: trabalho, propriedade e gestão”, define Gabriel Cabral, jovem sucessor da Fazenda Boa Vista, no município de Varjão, em Goiás. “Faço parte de três gerações que se dedicam à produção de leite. Até pouco tempo, meu pai, José Ricardo Cabral, era o braço direito do meu avô ‘Nadico Cabral’, na gestão do negócio. Desde pequeno eu participava das atividades e tomei gosto pela lida. Estudei agronomia e me formei no ano passado. Coordenei o primeiro grupo Faeg Jovem na cidade, estava trabalhando como técnico de qualidade de leite numa cooperativa, adquirindo experiência para, no futuro assumir a fazenda, mas o destino antecipou tudo”, resume Gabriel, que perdeu o pai recentemente para a Covid-19. “Ainda estou muito perdido com essa rasteira da vida, mas o que me sustenta é que estou bem preparado para a sucessão planejada pelo meu pai desde que eu nasci”, pondera o jovem, ao reconhecer que a tecnologia no campo sempre foi um grande atrativo para permanecer e fazer da agropecuária o seu sustento. “Hoje em dia, para trabalhar no campo, é preciso estudo. Minha meta é transformar nossa propriedade em fazenda modelo em atividade leiteira, com implantação de ILPF [Integração Lavoura-Pecuária-Floresta]. Minhas ideias são grandes. É possível ter boa renda trabalhando com o campo. Tudo que aplicar na minha propriedade e der certo, quero oferecer a outros produtores em consultorias”, planeja o jovem.

Projeto Lidera Bayer Faeg Jovem

Segundo dados divulgados no Censo Agropecuário de 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 11 anos, o percentual de produtores com mais de 65 anos aumentou de 18% para 23% no campo, enquanto o de jovens produtores entre 25 e 35 anos caiu de 14% para 10%. O campo tem tido dificuldades em reter jovens. A partir deste cenário, a Faeg e o Senar Goiás se uniram à Bayer para contribuir para o aumento da presença do jovem no agronegócio goiano e acelerar o desenvolvimento de jovens talentos no setor.

O resultado dessa parceria é o Lidera Bayer Faeg Jovem – Programa de Capacitação de Jovens no Agro – que visa estimular ações que ampliem o conhecimento dos jovens em relação aos processos de inovação e transformação digital no agronegócio, estimulando também os processos de sucessão familiar. A parceria foi lançada no mês de agosto em uma live pelo canal de YouTube do Sistema Faeg Senar. “O propósito do projeto vai além da porteira, formando jovens para serem protagonistas no campo. O Sistema Faeg Senar desenvolve programas para formar lideranças do agro, preparando a juventude para dar continuidade ao trabalho na propriedade e também para ocupar espaços importantes nas entidades que representam o setor, como os sindicatos e as federações”, diz Dirceu Borges, superintendente do Senar Goiás.

 “Percebemos que a sucessão familiar e a presença do jovem no campo têm sido temas cada vez mais urgentes para as famílias que atuam no agro. A temática geracional é bastante presente na estratégia interna de inclusão e diversidade da Bayer e decidimos nos engajar no tema externamente com nossos parceiros e clientes. Unindo forças com parceiros como o Sistema Faeg Senar vamos incentivar a permanência do jovem no campo, apoiar no desenvolvimento de jovens lideranças, suportá-los com ferramentas e conhecimento que os ajudem a se adaptar às transformações que o agro tem passado e prepará-los para os processos de sucessão familiar”, explica o diretor do negócio de soja e algodão da Bayer para o Brasil e líder do programa na companhia, Marcelo Neves.

Ao todo, mil jovens no Estado de Goiás se beneficiam do Programa, realizado em três etapas, para ajudar a potencializar a liderança e desenvolver a capacidade em criar soluções à agricultura. A primeira ocorre em formato de workshops virtuais, ao vivo, com duração de 2h a 3h, sobre tecnologias em agricultura e pecuária de leite, transformação digital, formação de lideranças e sucessão familiar. Em um segundo momento, os jovens participarão de um bate-papo com especialistas em lives abertas a toda a comunidade Faeg Jovem. E, por último, o programa vai realizar um desafio que deve ter início no começo de 2021, para a construção de projetos de diálogo entre o campo e a cidade. Comunicação Sistema Faeg/Senar

Veja Também

Industrialização do milho pode ampliar em até três vezes o valor agregado do grão

Além de ganhos em sustentabilidade, a industrialização do milho para produção de etanol, por exemplo, …