Brazilian Sugar cane fields on sun set.

Safra 2022: momento de recuperação da produção de cana

Mário Ferreira Campos Filho, Presidente Executivo na Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG ) e Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS)  conversou com o Canal- Jornal da Bionergia sobre a safra 2022 que vai começar nos próximos dias na Região Centro-Sul brasileira.

Canal – Jornal da Bioenergia: A nova safra 2022 está para iniciar. O que se esperar? Há expectativa de recuperação?

Mário Ferreira Campos Filho :  A safra 2022/23 está pronta para iniciar e a nossa expectativa  são as melhores. Principalmente em Minas Gerais, onde há chuvas foram mais adequadas, esperamos uma  moagem maior que do ano passado, mas acredito que ainda não vamos chegar ao recorde de 2020.

Podemos falar em recuperação, com aumento de produtividade, mas com redução de área. Esta perda acontece devido às renovações de canaviais e também a concorrência com grãos, impactando a questão de quantidade diária de moagem.

Canal: Quais os principais desafios e gargalos para este ano?

Mário: O grande desafio deste ano é justamente a continuidade da recuperação da produção de cana-de açúcar. O setor passou por secas, geadas, incêndios, mas por outro lado temos a recuperação financeira , que permitiu a renovação de uma grande parte dos canaviais, em especial as áreas com maior dificuldade.

Nosso desafio é recuperar essas áreas para que, em um futuro, termos a possibilidade de encher  as usinas de matéria-prima. Temos capacidade industrial, mas hoje, não temos canas suficiente para atender. Outro ponto é o investimento em irrigação  com uso de recursos e busca por de mão de obra.

Outro grande desafio é o aumento dos custos, em função da elevação dos preços dos insumos, como fertilizantes, defensivos, óleo diesel  e etc.

Canal: O clima ainda pode influenciar drasticamente na próxima safra?

Mário: O clima sempre gera muito influencia sobre a safra de cana-de-açúcar É necessário chuvas adequadas no verão,  um pouco de precipitação no mês de abril e, depois deste período, é preciso de chuvas regulares. Os Estados do Sul, como Minas sofreram devido as alterações, mas para esta safra, em relação aos últimos dois anos, esperamos amenizar os problemas com relação ao clima.

Canal: Qual a previsão do mix para 2022? Uma eventual redução dos impostos sobre os combustíveis pode deixa-lo mais açucareiro?

Mário: Ainda não temos previsão para esta safra. Mas, os dois principais produtos do setor – açúcar e etanol – estão muito bem. Ambos estão com preços bem interessantes, com máximas históricas.

Apesar de todas as situações relacionadas a combustíveis, acredito que este ano vamos ter o share do etanol no mercado brasileiro. Nossa produção, somada o etanol proveniente de cana e de milho, será similar com o resultado  de 2020, que foi um ano histórico. Assim, teremos uma recuperação de mercado.  Já que ano passado tivemos uma safra um pouco atípica, o preço ficou mais caro na safra do que na entressafra. Este ano é esperado uma safra mais regular, onde tenha necessidade de aumento de venda do etanol durante a safra, e depois da ter uma remuneração mais alta. Mas é claro que isso vai depender da disponibilidade final de cana, principalmente da região Centro-Sul.

Canal: E os preços? Estamos vendo o valor do etanol pouco competitivo nas bombas. O começo da safra no Centro-Sul pode melhorar essa condição?

Mário: O início da safra é o momento em que se precisa ganhar participação de mercado, e por isso, a tendência é que permaneça a relação de preços prol ao etanol, principalmente nos estados produtores, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, para que seja possível a recuperação do espaço perdido na entressafra.

Canal: Quais as expectativas em relação ao RenovaBio para esta safra?

Mário: São as melhores possíveis, com os preços bem remunerativos para este terceiro ano de sucesso. Para alcançar o propósito do programa, que é a descarbonização de matriz de transporte do Brasil, a nossa meta é maior este ano.

 

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