Plantio da cana-de-açúcar exige planejamento detalhado

Na hora de formar um canavial, o agricultor deve estar atento às especificações do solo, como a nutrição adequada, além de planejar o plantio das mudas. Nessa etapa, o espaço de um colmo para o outro deve ser definido. A escolha adequada do espaçamento possibilita a otimização do uso intensivo de máquinas e colheita, e contribui para o aumento da produção devido à disponibilidade de recursos como luz, água e temperatura.

As opções mais utilizadas hoje são espaçamento alternado de 1,50 m ou 1,60 m x 0,90 m, o duplo alternado e o espaçamento simples (1,50 m). Segundo o engenheiro agrônomo Cassio Manin Paggiaro é possível encontrar estudos e resultados com espaçamentos em cana-de-açúcar desde o século XIX, sendo que os mesmos foram sendo adaptados às situações de manejo e, principalmente, de mecanização da lavoura.

O técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) GO, Fernando Couto, explica que a escolha do espaçamento depende muito da avaliação da propriedade. “Deve ser verificado as condições de fertilidade, textura do solo, clima e até mesmo o maquinário que será utilizado”, orienta.

Desde 2008, com o fim das queimadas, o espaçamento alternado – de 1,50 m ou 1,60 m x 0,90 m – ganhou força no Brasil como método despalhador da cana-de-açúcar e, consequente, evolução na mecanização da colheita, tendo como propósito principal o custo da colheita mecanizada da cana.

Paggiaro destaca que esse espaçamento é indicado para várias situações de manejo como adequação da palha da cana nos tratos de soqueira, ajuda no controle de plantas daninhas em ambientes restritivos, melhor aproveitamento populacional da planta nas áreas plantadas, melhoria no controle de tráfego na colheita da cana e, principalmente, na melhoria do rendimento operacional da colheita.

Couto complementa que o espaçamento combinado pode aumentar em até 15% a produtividade do solo, mas ressalta que o uso depende de avaliação técnica do solo. “Esse tipo de espaçamento reduz o pisoteamento e a compactação do solo, facilitando melhor a rebrota da cana”, explica.

A prática

Uma pesquisa sobre produtividade da União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) identificou que88% das usinas utilizam-se do espaçamento de 1,50 metro, contra apenas 10% utilizando-se do espaçamento combinado. A pesquisa identificou que para 90% das usinas pesquisadas, a decisão pelo espaçamento esbarra nos entraves com as máquinas colhedoras.

Diferentemente do momento inicial da introdução do espaçamento, no início dos anos 2000, hoje existem equipamentos no mercado feito especificamente para o alternado, inclusive entre os principais fabricantes de colhedoras.

O técnico da Faeg complementa que em Goiás essa premissa também é válida. Mas ele ressalta que todas as máquinas podem trabalhar nos talhões sem pisotear, dependendo exclusivamente dos eixos de cada uma.

A tecnologia também pode ser uma grande ferramenta para a definição do espaçamento. O técnico do Senar, Fernando Couto, explica que a agricultura de precisão, com o uso do GPS, é instrumento imprescindível para a orientação dos sulcos, e assim, criar mapa das linhas do canavial. “O sistema de piloto automático reconhece as linhas e permite um bom resultado da lavoura, independente do tamanho de espaçamento escolhido. Basta a dimensão escolhida ser compatível aos eixos das máquinas”, finaliza.

 

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