Programa Metano Zero no Setor Sucroenergético

O Brasil aderiu durante COP-26, na Escócia, o compromisso de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020. E a principal fonte de emissão de gás metano é a decomposição de resíduos orgânicos, tanto urbanos quanto agrícolas.

O metano é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, mas sua concentração na atmosfera é muito inferior à de outro vilão climático, o gás carbônico. Porém seu tempo de permanência de atmosfera pode se estender por no máximo 12 anos, enquanto o gás carbônico leva até centenas de anos para se degradar.  Mas, seu potencial para promover elevação de temperatura é 28 vezes maior que o CO2.

Cumprir esse acordo é um desafio para o Brasil já que agronegócio desempenha um papel estratégico na economia do país, sendo responsável por 97% das emissões de metano no país, através da pecuária. Por isso, o Governo Federal lançou o Programa Metano Zero, para o aproveitamento desse gás é na produção de biometano, ao tratar o metano e o utilizar como biocombustível.

A expectativa do governo é criar um mercado de crédito de metano, com o incentivo de empresas e negócios que consigam reduzir as emissões do metano. Assim, os créditos servirão futuramente como um ativo ambiental e poderão ser vendidos como uma “moeda verde”, similar ao RenovaBio.

Sucroenergético

Em mundo onde a sustentabilidade é cada vez mais relevante, a geração de energia com baixa pegada de carbono ganha visibilidade e projeção. Assim, o setor sucroenergético tem potencial para a produção. De acordo com a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) o potencial energético do biogás e do biometano é de mais de 100 milhões de m³ de gás por dia, o que poderia substituir quase 70% do diesel consumido no país.

E as projeções da EPE (2022) consideram que o setor sucroenergético tem potencial técnico de exportação de bioeletricidade de 17,6 mil GWh até 2031, equivalente a 12% do consumo residencial de eletricidade no país ano passado. Ainda segundo a EPE, considerando apenas a vinhaça e a torta de filtro integralmente destinadas para a biodigestão, o potencial de biogás alcança 7,1 bilhões de Nm³ em 2031, representando, pós-purificação, um volume de 3,9 bilhões de Nm³ de biometano, equivalente a substituir mais de 50% do consumo atual de diesel no setor agropecuário (MME, 2021).

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o Brasil está avançando bastante com a produção de biogás e biometano, mas o potencial a aproveitar ainda é muito significativo, mostrando um potencial estratégico relevante.

“Para se reduzir este hiato entre a produção efetiva de energia por meio do biogás/biometano e seu potencial, é importante estabelecer-se uma política setorial estimulante e de longo prazo para o biogás e o biometano, e o Programa Metano Zero caminha para essa diretriz”, pontua a associação.

Para a Unica, Programas como o Metano Zero são voltados justamente para diminuir os entraves para o aproveitamento do potencial técnico do recurso energético e aumentar a participação do setor sucroenergético na matriz energética brasileira.

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

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