Palavra do especialista: relação de troca entre açúcar e fertilizantes

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Nos últimos anos a relação de aquisição, também chamada de relação de troca, entre fertilizantes e açúcar esteve em níveis bastante elevados por conta da acentuada queda  da  cotação  do  açúcar, ao mesmo  tempo  em  que  o  mercado  aquecido  de  grãos  até meados de 2014 dava  suporte  a altos preços de fertilizantes.

Este quadro se alterou significativamente a partir de Set/15. Por um lado os preços de fertilizantes caíram substancialmente, tanto por menor demanda física como por ajuste de seu valor à nova realidade de preços baixos dos grãos. Por outro, e no sentido inverso, o açúcar  experimentou forte reação de preço.

A relação de troca entre fertilizantes e açúcar é fator crítico a ser considerado na avaliação de compra deste insumo. No gráfico abaixo vemos o comportamento da relação de troca nos últimos quatro anos para cada um dos três nutrientes básicos utilizados em fertilizantes, representada pela  proporção de preços entre estes e açúcar VHP.

Atualmente tanto ureia como cloreto de potássio equivalem a cerca de 70-75% da cotação do açúcar, a melhor relação de troca dos últimos anos. No caso do MAP a relação está próxima a 105% da cotação do açúcar, quase tão boa quanto a de final de 2013.

Assim como já ocorre no açúcar há mais de 100 anos, agora também é possível gerenciar os riscos envolvidos com as constantes flutuações de preços de fertilizantes através da utilização de mercado de futuros. Trata-se de um mercado de balcão, não havendo até o momento uma bolsa efetiva. Estão disponíveis para negociação contratos a termo (“swaps”) de ureia, que permitem gerenciar riscos de preços de produtos nitrogenados, e de DAP, para hedge de preços de produtos fosfatados. Não há contratos a termo disponíveis para o caso de cloreto de potássio.

Com a utilização simultânea dos mercados de futuros de fertilizantes e de açúcar é possível implementar uma operação de hedge para fixar antecipadamente a relação de troca entre estas commodities. Monitorando os preços das duas em meses futuros, podemos identificar, em momentos específicos, boas oportunidades a serem exploradas. Portanto, esta estratégia, que combina a compra de contratos a termo de fertilizantes com a venda de contratos futuros de açúcar, se constitui em uma importante ferramenta de apoio à área de suprimentos na gestão deste insumo por parte de usinas do segmento sucro-energético bem como de produtores de cana de açúcar.

A INTL FCStone, grupo norte americano focado em gerenciamento de risco e execução de serviços financeiros em commodities, moedas e títulos internacionais, líder no segmento de derivativos de balcão para o setor agrícola, está desenvolvendo no Brasil o mercado de futuros de fertilizantes.

Marcelo Mello é Consultor da FCStone

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