O etanol, tradicionalmente visto como alternativa à gasolina, está assumindo um papel estratégico na agenda global de descarbonização, segurança energética e desenvolvimento rural sustentável. Uma série de políticas públicas e iniciativas comerciais, adotadas por diferentes países e blocos econômicos, está impulsionando seu uso e ampliando mercados.
Brasil: liderança consolidada
No Brasil, berço de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o avanço vem de três frentes principais: a Lei do Combustível do Futuro, que eleva a mistura obrigatória de etanol na gasolina de E27 para E30 e incentiva o uso em setores como aviação e transporte pesado; o RenovaBio, que cria metas de descarbonização e créditos de carbono (CBIOs) para produtores; e o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que coloca o etanol no centro da estratégia de bioeconomia e transição energética nacional.
Estados Unidos: foco na regulação e no mercado interno
Nos EUA, o Renewable Fuel Standard (RFS) determina que refinarias misturem volumes mínimos de biocombustíveis, como o etanol de milho, à gasolina. Já o California Air Resources Board (CARB) certifica etanol com baixa pegada de carbono, garantindo acesso a um dos mercados mais exigentes e rentáveis do país.
União Europeia: exigência e certificação
A RED II (Renewable Energy Directive) impõe metas obrigatórias para uso de energias renováveis no transporte, incluindo o etanol. A certificação Bonsucro EU RED abre portas para que produtores brasileiros exportem etanol sustentável para o bloco europeu.
Mercosul: proteção e estímulo à produção local
Recentemente, o bloco estabeleceu uma tarifa de 18% sobre o etanol de milho importado, medida que protege a produção regional e fortalece o uso de matérias-primas locais.
Aviação: o próximo grande mercado
O setor aéreo também desponta como destino estratégico. O CORSIA, programa da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO), regula o uso de combustíveis sustentáveis na aviação internacional, incentivando o desenvolvimento de SAF (Sustainable Aviation Fuel) a partir de etanol. Além disso, países como China e Japão negociam diretamente com o Brasil para importar o biocombustível como base para SAF.
O cenário evidencia que o etanol está deixando de ser apenas um substituto verde para a gasolina e se tornando um instrumento global para enfrentar as mudanças climáticas, conectando políticas públicas, comércio internacional e inovação tecnológica.
Canal-Jornal da Bioenergia