Etanol de cana ou de milho? Para o carro há diferença no desempenho?

Com cada vez mais espaço no mercado nacional de biocombustíveis, o etanol feito a partir do milho vem atraindo investimentos em muitas regiões do Brasil. O etanol de cana-de-açúcar e o de milho apresentam diferenças em termos de produção e características. E quais são essas diferenças? No processo produtivo, o etanol de cana-de-açúcar é produzido a partir do caldo extraído da cana. Esse processo é relativamente simples e rápido. Em cerca de 11 horas de fermentação, o melaço de açúcar se transforma em etanol. Já o etanol de milho  tem um processo produtivo mais complexo. O amido do milho precisa ser quimicamente transformado em açúcar antes da fermentação. Isso torna o processo mais demorado, podendo levar até 70 horas.

Produtividade

Cada tonelada de cana-de-açúcar produz cerca de 70 a 80 litros de etanol. A cana tem alta concentração de sacarose, o que facilita sua conversão em etanol. Uma tonelada de milho pode produzir até 407 litros de etanol. No entanto, o milho precisa de mais áreas cultiváveis e passa por processos adicionais para quebrar carboidratos complexos em açúcares fermentáveis. Além do etanol, a produção de cana gera o bagaço como resíduo, que pode é reaproveitado para geração de eletricidade ou etanol 2G. Um hectare de cana pode render até 8 mil litros de etanol. O único resíduo da produção de etanol de milho é a vinhaça. Cada hectare de plantação de milho produz, aproximadamente, 3.500 litros de etanol.

Custo e Armazenamento

O milho é fácil de ser armazenado, com uma vida útil de 2 a 3 anos. Por outro lado, a cana tem maior produtividade por hectare. Enquanto as propriedades químicas do etanol de cana-de-açúcar e de milho são as mesmas, a diferença está na forma de produção, produtividade e resíduos gerados. Ambos são utilizados como combustíveis, mas a escolha para a produção entre eles depende de fatores como disponibilidade de matéria-prima e eficiência do processo produtivo.

Hoje, o maior produtor mundial de etanol de milho são os Estados Unidos. Eles detêm tecnologia e total expertise na produção desse combustível. Por essa razão, nossa produção tem origem na tecnologia americana, mas com algumas diferenças, como indica Guilherme Nolasco, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). “O processo de produção norte-americano é caracterizado pelo uso de milho de primeira safra. Essas características são diferentes do setor de biocombustível brasileiro, que possui vantagens quanto ao uso do milho, principalmente de segunda safra e fontes renováveis” afirma.

Assim, o milho que entra no processo de transformação é 100% aproveitado, ou seja, nada se perde. Inicialmente há o processamento do milho para a produção do seu carro-chefe, que é o etanol, produzido a partir do amido. Mas, no mesmo processo, é possível separar a fibra, a gordura e a proteína, gerando um portfólio de produtos destinados à nutrição animal e, ainda, à exportação de energia. Vale ressaltar que existem três modelos de usinas no Brasil:

Full: exclusiva de etanol de milho;
Flex: produz etanol de milho durante a entressafra de cana-de-açúcar;
Full Flex: produz etanol de milho e de cana simultaneamente.

Sem diferenças no desempenho dos carros

Para o consumidor não faz diferença nenhuma usar o etanol de milho ou o de cana-de-açúcar. Apesar de suas diferenças no processo de produção, uma vez que o etanol é fermentado e destilado, ele se torna quimicamente idêntico, independentemente da matéria-prima utilizada. O desempenho do veículo ao usar etanol de cana ou de milho é o mesmo. Importante ressaltar também que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tem especificações para a venda de etanol e qualquer combustível para ser vendido precisa estar dentro dessas especificações, garantindo que o etanol, seja de cana ou de milho, atenda aos mesmos padrões de qualidade.

Canal-Jornal da Bioenergia

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