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Estudo do Greenpeace projeta evolução do biodiesel e bioquerosene no Brasil

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O relatório [R]evolução Energética mostra que é possível reduzir o consumo energético do setor de transportes em 61% em relação ao cenário Base, e torná-lo 100% renovável. Para isso, o Greenpeace Brasil analisou todos os modos (dutoviário, aéreo, aquaviário, ferroviário e rodoviário), tanto para cargas quanto para passageiros. Considerou a inserção de opções não motorizadas, como o uso de bicicletas e caminhada, e a adoção de medidas de eficiência logística, para melhorar o transporte de cargas.

A conclusão é que o Brasil terá de investir em transferência modal. A participação das ferrovias para transporte de cargas, por exemplo, aumentará, em detrimento do transporte rodoviário e deverá incentivar a eficiência logística e energética. Também será necessário promover combustíveis menos poluentes e tecnologias que permitam que o setor de transportes utilize mais eletricidade como fonte de energia em vez de combustíveis líquidos.

Os investimentos feitos no transporte público para passageiros farão com que estes sejam mais limpos e também mais acessíveis, criando cidades mais inclusivas, igualitárias e que proporcionem mais qualidade de vida a seus habitantes. Mudar a forma como o transporte de passageiros nas cidades é pensado e planejado impactará no próprio planejamento urbano e como se dá a mobilidade urbana.

TRANSFERÊNCIA MODAL

Atualmente, o modo rodoviário é predominante nos transportes, com carros particulares, ônibus e caminhões tendo grande participação no transporte de cargas e de pessoas. Hoje, o transporte rodoviário é responsável por cerca de 91% do transporte total de passageiros e por cerca de 55% do transporte de cargas no Brasil.

A utilização de outros modais é fundamental, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também porque representa ganho econômico – o custo do frete ferroviário é metade do rodoviário. Apesar de os modos ferroviário e aquaviário serem mais eficientes e menos poluentes para o transporte de cargas, a participação de ambos ainda é muito baixa no Brasil.

No cenário [R]evolução Energética, a participação do transporte de cargas por meio de ferrovias aumentará, saindo dos 25% em 2014 para 46% em 2050. Enquanto isso, o rodoviário perderá espaço, passando dos atuais 55% para 28%. A transição modal, aliada à eficiência logística e a utilização de outras fontes de energia e tecnologias mais eficientes, torna possível uma redução de 76% do consumo energético total do transporte de cargas em relação ao cenário Base.

Também haverá melhorias em relação ao transporte de passageiros, no qual será possível alcançar uma eficiência energética de 51% em relação ao cenário Base. O uso de veículos individuais vai diminuir, e o uso do transporte público se fortalecerá a partir de soluções de mobilidade e planejamento urbano. Veremos o maior uso do modal ferroviário em detrimento do rodoviário e a intensificação da utilização de bicicletas e caminhadas – que juntas diminuirão em 6% a demanda do transporte que consome energia no modo rodoviário. Ainda assim, o modo rodoviário continuará predominante, com 79% de participação no transporte de passageiros em 2050.

COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS E ELETRIFICAÇÃO DO SETOR DE TRANSPORTES

No cenário [R]evolução Energética, a partir de 2035, os biocombustíveis tornam-se o principal insumo energético dos transportes, avançando a 75% de participação em 2050. Também há um forte crescimento do uso da eletricidade, que alcança 25% do setor – hoje, a participação da eletricidade nos transportes é praticamente nula.

Os biocombustíveis têm, portanto, papel importante nessa transição energética. O biodiesel é utilizado nos modos rodoviário, ferroviário e aquaviário, inicialmente como uma adição ao diesel, que chega a 20% em 2030, a 40% em 2035, a 60% em 2040, a 80% em 2045. Em 2050, finalmente, alcançamos os 100% de biodiesel. O etanol é utilizado no modo rodoviário e na aviação, tanto em mistura à gasolina quanto em sua forma pura.

O bio-óleo, tipo de biodiesel avançado, começa a ser utilizado no modo aquaviário a partir de 2025. Inicialmente, com 10% em uma mistura de diesel de petróleo, com participação progressiva até chegar em 100% de bio-óleo em 2050.

Já na aviação, é o bioquerosene que passa a ser inserido ao querosene a partir de 2025. Aos poucos ganhará espaço, até chegar em 2050 com tecnologias que utilizam 100% desse combustível renovável.

A grande mudança prevista pelo cenário [R]evolução Energética nos transportes é a adoção da eletricidade em larga escala no modo rodoviário e no ferroviário. Como a eletricidade do cenário será 100% renovável em 2050, a eletrificação de parte do setor de transportes significa que veículos, ônibus e trens serão abastecidos por energia limpa e renovável. (Trecho do estudo publicado pelo Greenpeace Brasil).

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