Entrevista | SILVIO RANGEL-Presidente Sindalcool/MT

Print Friendly, PDF & Email

Etanol de milho pode superar o de cana no MT

O presidente do sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/MT), Silvio Cezar Pereira Rangel, é graduado em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e em Direito pela Universidade de Cuiabá, tem pós-graduação em Gestão Empresarial pela  Universidade de São Paulo (USP) e  é especialista  em Gestão na Indústria Sucroalcooleira pela UFMT.  Ele também atua como vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (FIEMT), sendo presidente do Conselho Temático de Inovação e Tecnologia da FIEMT. Silvio é vice-presidente do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia, membro do Comitê Gestor do Parque Tecnológico de Mato Grosso e atualmente é assessor da diretoria na Usina Barralcool S/A. em Barra do Bugres (MT).

Canal: Mato Grosso é um estado no qual a  produção de etanol de milho está em avanço contínuo. Quanto foi produzido na última safra?

Silvio: Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de milho, 28 milhões de toneladas nesta safra que se encerrou e o crescimento é inexorável. A posição 31 de janeiro neste ano era de 1.128.000 toneladas de milho, que produziram 172.060 m³ de etanol anidro e 280.913 m³ de hidratado. A safra termina apenas no fim do mês de março, exatamente no dia 31.

Na safra anterior – 2017/2018- foram moídos 943.123 toneladas de milho, que produziram 64.892 m³ de etanol anidro e 326.767 de hidratado. A produção de etanol de milho vem crescendo ano a ano com a implantação de novas unidades produtoras.

Canal: O que representa para o Estado a produção de etanol de milho? Quanto de (ICMS) é gerado?

Silvio: Representa a oportunidade de crescimento da economia e agregação de valor. O impacto do etanol de milho no ICMS é crescente. Em 2012 era de R$ 25 milhões, no ano passado, chegou a R$ 80 milhões e deverá alcançar algo em torno de R$ 400 milhões com a entrada em operação das novas unidades que estão em construção.

Canal: Mato Grosso possui quantas usinas?  Há previsão de construção de novas?

Silvio: Estão em operação 13 usinas, dez unidades que processam cana-de-açúcar, sendo três que agregam também o milho. Três unidades só de milho, sendo que duas em início de operação.

Também temos em construção três novas usinas em construção: a Etamil, em Campo Novo do Parecis; a Inpasa, em Sinop, e a FS Bioenergia, em Sorriso, todas elas são dedicadas ao milho.

Canal:  Por que o Estado começou a investir no etanol de milho?

Silvio:   Em razão da grande oferta de milho no Estado e pela necessidade de agregação de valor e tendo os Estados Unidos como exemplo. A primeira unidade produtora foi a Usimat, em Campos de Júlio, em 2012, com a moagem de cana e milho. Em seguida, as usinas Libra, em São José do Rio Claro, e a Porto Seguro, em Jaciara, iniciaram o trabalho concomitante do milho com a cana. Apenas em 2017 entrou em operação a primeira unidade totalmente de milho, FS Bioenergia, em Lucas do Rio Verde.

Canal: Há algum incentivo por parte do governo?

Silvio: Não há qualquer política pública especifica.

Canal: O etanol de milho gera quantos empregos no Estado?

Silvio: Considerando-se apenas a unidade dedicada só a milho, 280 empregos diretos por unidade produtora.

Canal: Qual o período de produção do etanol de milho no Estado? Concorre com a cana?

Silvio: A produção nas usinas que operam cana e milho pode ser concomitante ou apenas na entressafra da cana, já as que só utilizam milho produzem o ano inteiro.

Canal: Em um futuro, é possível afirmar que o etanol de milho vai superar o de cana em MT?

Silvio: Tudo leva a crer que sim, em função da alta produção do grão, considerando-se que estamos a usar apenas 50% da área destinada à soja, área esta que recebe o chamado “milho safrinha”.

Não há que se comparar cana-de-açúcar com milho, por suas características agrícolas completamente diversas. A utilização do milho representa a industrialização de matérias-primas, com geração de empregos, agregação de valor e impostos em Mato Grosso.

Canal: E a produção de etanol de cana? Quanto foi na última safra?

Silvio: A cana tem crescimento apenas vegetativo por não haver investimento em novas unidades produtoras. Na safra 2018/2019 foram moídas 17,2 milhões de toneladas de cana, 1 milhão a mais que na safra anterior, e produzidos 470.000 m³ de anidro, 733.178 m³ de hidratado e 370.000 ton. de açúcar.

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

Veja Também

Auxiliar na descarbonização é o caminho do etanol

Mário Campos, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS) e  presidente da Associação da Indústria Sucroenergética …