Energia limpa avança

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Em abril deste ano, o país alcançou a marca de 15 mil megawatts (MW) de potência instalada (capacidade de geração) de energia eólica (do vento), o equivalente à usina de Itaipu, segunda maior hidrelétrica do planeta. No mesmo mês, a energia solar também chegou ao seu maior patamar, com pouco mais de 2.000 MW.
Com isso, a energia gerada pelos ventos e pela irradiação solar já representa 10% da matriz elétrica nacional, composta pelo conjunto de fontes disponíveis para a produção de eletricidade. Isso representa uma alta de 20 vezes em relação a dez anos, quando o percentual era de 0,5%, segundo o Anuário Estatístico da Energia Elétrica.
A reportagem do UOL conversou com representantes do setor para saber quais estados brasileiros são os campeões da geração de energia eólica e solar.

Os bons ventos do Nordeste
O Brasil tem 600 parques eólicos e 7.500 aerogeradores (turbinas eólicas), segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). O Nordeste, sozinho, é responsável por cerca de 80% da energia eólica gerada em todo país. O estado líder na produção é o Rio Grande do Norte.
Entre os cinco estados que lideram na energia eólica, quatro são do Nordeste:
Rio Grande do Norte: com capacidade de 4.066 MW e 151 usinas
Bahia: com 3.951 MW e 153 usinas
Ceará: com 2.045 MW e 79 parques
Rio Grande do Sul: com 1.832 MW e 80 parques
Piauí: com 1.638 MW e 60 usinas de geração de energia
A região Nordeste e algumas localidades do Sul têm ventos fortes, constantes e estáveis, características essenciais para se produzir energia por mais tempo.
Por causa dos bons ventos brasileiros, o fator de capacidade médio do país (percentual de tempo em que as usinas conseguem gerar eletricidade) foi de 42% em 2018, segundo a ABEEólica. A média mundial gira em torno de 25%.

As maiores usinas de energia eólica
Os maiores empreendimentos de energia eólica, segundo o boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), são:
– Conjunto Santa Vitória do Palmar , no Rio Grande do Sul, com capacidade para 582,79 MW
– Conjunto Araripe III, no Piauí, com 357,9 MW
– Conjunto Campo Largo, na Bahia, com 326,7 MW

Radiação solar o ano inteiro
No país, a geração de energia solar é dividida em centralizada (GC), produzida por 2.400 grandes usinas, e distribuída (GD), cuja origem são cerca de 66 mil painéis solares fotovoltaicos implantados em casas, comércios e indústrias, entre outros. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

Que estados lideram na energia solar?*
Bahia: capacidade de produção de 669,9 MW e 26 empreendimentos
Minas Gerais: com 666 MW e 26 usinas
Piauí: potência instalada de 278,2 MW e nove usinas
São Paulo: com 238,9 KW e 12 empreendimentos
Ceará: com 160,3 KW e oito usinas
* Os números não levam em consideração a geração distribuída, só as grandes usinas.

Cinturão solar
Essas localidades, conforme a 2ª edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar, divulgado no ano passado, estão no “Cinturão Solar”, região que vai do Nordeste ao Pantanal, passa pelo norte de Minas Gerais e pega o sul da Bahia e o nordeste de São Paulo.
No Nordeste, por exemplo, a radiação global média é de 5,9 kWh/m², enquanto no Sul é de 5 kWh/m².
Apesar dessa diferença, segundo o presidente do conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, todo território nacional recebe elevada radiação solar o ano inteiro.
Para você ter uma ideia, o local menos ensolarado do Brasil está em uma região de Santa Catarina, mas mesmo lá o sol gera mais eletricidade que o melhor sol da Alemanha.
A Alemanha, no entanto, é o quarto maior gerador de energia solar do mundo, com 42 mil MW de potência instalada, 20 vezes a mais que o Brasil.
Ainda existe uma grande diferença em comparação a outros países porque a energia solar é uma fonte nova no Brasil. Estamos engatinhando ainda.

As maiores usinas de energia solar
As maiores usinas fotovoltaicas do país, segundo o boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), são:
– Solar Pirapora, em Minas Gerais, com 321 MW (foto)
– Solar Nova Olinda, no Piauí, com 210 MW
– Solar Ituverava, na Bahia, com capacidade para 196 MW

Iluminar 38 milhões de casas até 2023
Desde 2007, projetos de usinas solares fotovoltaicas foram cadastrados em seis leilões de energia realizados pelo governo federal. No total, foram contratadas 3.500 MW de potência instalada, sendo que pouco mais de 2.000 MW já estão em operação.
Há ainda 17 usinas em construção e 74 que ainda não foram iniciadas. Todas devem entrar em operação até 2022. Quando estiverem em funcionamento, será possível gerar energia para 5 milhões de casas por mês, segundo a Empresa de Pesquisa Energética.
No caso da energia eólica, foram cadastrados projetos em 27 leilões e contratados, até 2023, 19,6 mil MW de potência instalada, dos quais 15 mil já estão em operação. Quando o total for atingido, será o suficiente para gerar energia para cerca 33 milhões de casas por mês, segundo a ABEEólica.
Há 51 usinas em construção e 160 que ainda não foram iniciadas no país. (UOL)

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