Brasil pode liderar mobilidade sustentável até 2040 com avanço dos biocombustíveis aponta estudo

Um estudo inédito do Instituto MBCBrasil, elaborado pela LCA Consultores, projeta um cenário de profundas transformações na mobilidade brasileira até 2040. O levantamento “Iniciativas e Desafios Estruturantes para Impulsionar a Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil até 2040” mostra que o país tem potencial para se tornar referência global em transporte sustentável, desde que adote políticas públicas integradas e invista em infraestrutura e inovação tecnológica. O estudo foi apresentado durante coletiva do MBCBrasil no dia 04 de novembro de 2025.

De acordo com o estudo, a frota de veículos eletrificados deve crescer 44 vezes nos próximos 15 anos, impulsionada especialmente pelos modelos híbridos, que deverão representar 72% dos eletrificados em circulação. No segmento de veículos leves, os motores flex continuarão relevantes, mas a eletrificação avança rapidamente: a projeção é de 17,4 milhões de unidades eletrificadas até 2040, o equivalente a 27% da frota nacional.

A pesquisa destaca a importância dos veículos híbridos-flex (bioelétricos) – tecnologia desenvolvida no Brasil – como peça-chave para unir a eletrificação ao uso de biocombustíveis. Esse modelo reforça uma transição gradual e realista, aproveitando as vantagens competitivas do país, que já conta com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.

“O Brasil tem condições únicas para liderar uma transição energética eficiente e inclusiva, unindo crescimento econômico e sustentabilidade. Os biocombustíveis e as novas tecnologias mostram que é possível reduzir emissões e, ao mesmo tempo, gerar desenvolvimento”, afirma José Eduardo Luzzi, presidente do Instituto MBCBrasil.

Biocombustíveis como motor da transição energética
O estudo reforça que os biocombustíveis seguirão como um dos principais diferenciais estratégicos do Brasil. A demanda por etanol pode crescer até 2,4 vezes até 2040, impulsionada pelo mercado interno e por novas aplicações, como o combustível sustentável de aviação (SAF) e o transporte marítimo, que juntos poderão responder por até 80% da demanda atual de etanol do ciclo Otto.

Mesmo com esse avanço, o documento aponta que o país terá oferta suficiente de etanol, sustentada pelo aumento da produtividade da cana e pela expansão do etanol de milho, cuja produção pode saltar de 7,6 bilhões para 25 bilhões de litros por ano até 2040. O setor sucroenergético também aposta em inovações genéticas e biotecnológicas para dobrar a produtividade das lavouras no mesmo período.

Biometano ganha protagonismo
Outro destaque do estudo é o biometano, identificado como vetor essencial da descarbonização do transporte pesado e da segurança energética. Produzido a partir de resíduos agroindustriais, o biometano tem potencial para substituir até 70% do consumo de diesel no transporte de carga até 2040.

O combustível pode ainda impulsionar polos regionais de desenvolvimento, especialmente nas regiões ligadas ao agronegócio e à cana-de-açúcar. A produção projetada chega a 120 milhões de metros cúbicos por dia, o que colocaria o Brasil entre os maiores produtores mundiais de energia renovável.

“O custo marginal de descarbonização do transporte é otimizado quando o país combina rotas já consolidadas, como os biocombustíveis, com a introdução gradual de novas tecnologias, como o biometano”, explica Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores.

Caminhos para o transporte pesado
No segmento de transporte de carga, a descarbonização também está em curso. Caminhões elétricos e movidos a biometano devem alcançar 15% da frota até 2040, enquanto os motores a diesel continuarão predominantes, mas com misturas mais elevadas de biodiesel, chegando a B20 no cenário base e B25 no cenário alternativo.

A transição exigirá investimentos da ordem de R$ 25 bilhões até 2040 apenas para a instalação de infraestrutura de recarga elétrica. Com uma matriz elétrica 88% renovável, o Brasil tem condições favoráveis para escalar a mobilidade elétrica de forma sustentável.

Hora de agir
O Instituto MBCBrasil defende que a transição para uma mobilidade de baixo carbono deve começar agora, com planejamento, regulação estável e políticas públicas bem coordenadas. O país reúne todos os ingredientes para transformar seu potencial técnico em resultados concretos — e consolidar-se como líder mundial em energia limpa e transporte sustentável.

 Redação Canal Jornal da Bioenergia com dados da coletiva do MBCBrasil

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