Goiás começa a transformar um velho passivo ambiental em ativo energético. Em 2025, a produção de biogás e biometano no estado ainda é incipiente quando comparada a polos mais consolidados do Sul e Sudeste do país, mas avança de forma consistente, ancorada no forte perfil agroindustrial goiano e em uma política estadual que passou a tratar o tema como estratégico.
A base dessa expansão está na abundância de resíduos orgânicos. Goiás é grande produtor de cana-de-açúcar, grãos e proteína animal, setores que geram volumes expressivos de vinhaça, torta de filtro e dejetos pecuários — matérias-primas ideais para a produção de biogás. Esse potencial, que por décadas foi subaproveitado, começa agora a ser convertido em energia, renda e redução de emissões.
Atualmente, a produção de biogás já é realidade em unidades ligadas ao setor sucroenergético, com destaque para projetos que utilizam vinhaça para geração de energia elétrica destinada ao consumo industrial. Essas plantas representam um primeiro passo na economia circular, ao reduzir impactos ambientais e aumentar a eficiência energética das usinas.
Incentivos do governo estadual
O biometano, combustível renovável com capacidade de substituir o gás natural e o diesel, ainda está em fase de estruturação no estado. Em 2025, Goiás conta com projetos em implantação e em processo de licenciamento, especialmente no Sudoeste goiano, região marcada pela forte integração entre agricultura e indústria. A expectativa do setor é que as primeiras operações comerciais ganhem escala nos próximos anos, impulsionadas pela demanda industrial e pelo transporte pesado.
Um dos fatores que aceleraram esse movimento foi a atuação do Governo de Goiás, que passou a oferecer incentivos fiscais específicos para o segmento. O estado instituiu benefícios de ICMS para a produção e comercialização de biogás e biometano, reduzindo significativamente a carga tributária e criando um ambiente mais atrativo para novos investimentos. A política tem como foco não apenas a geração de energia, mas também a atração de tecnologia, inovação e desenvolvimento regional.
Empresas especializadas em soluções ambientais e energéticas já operam ou estruturam projetos em Goiás, ao lado de grupos tradicionais do setor sucroenergético que buscam diversificar suas fontes de receita. A lógica é clara: além de produzir energia limpa, o biogás e o biometano reduzem custos operacionais, mitigam riscos ambientais e atendem às exigências crescentes de sustentabilidade impostas por mercados e financiadores. Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios. A viabilidade econômica dos projetos depende de escala, acesso a financiamento, segurança regulatória e infraestrutura adequada para distribuição do biometano. Outro ponto sensível é a integração com redes de gás e com o mercado consumidor, que ainda está em fase de amadurecimento no Centro-Oeste.
Futuro
Olhando para o futuro, a perspectiva é de crescimento gradual, porém consistente. A combinação entre incentivos estaduais, pressão por descarbonização da economia e abundância de resíduos coloca Goiás em posição estratégica para se tornar um polo regional de biogás e biometano. Nos próximos anos, o avanço deverá vir menos de grandes anúncios e mais da consolidação de projetos tecnicamente eficientes, financeiramente viáveis e integrados às cadeias produtivas locais. Se esse caminho for mantido, o estado pode transformar resíduos em energia, reduzir emissões e ampliar sua participação na nova economia de baixo carbono — um movimento silencioso, mas com potencial de impacto estrutural na matriz energética goiana.
Canal-Jornal da Bioenergia
Canal Bioenergia Referência em Bioenergia e Agronegócio


