Biodiesel: consumo dispara e setor acelera rumo ao futuro sustentável

O mercado de biodiesel no Brasil vive um momento de expansão robusta em 2025, impulsionado por avanços regulatórios e uma demanda crescente que impacta positivamente a agroindústria nacional. Nos primeiros seis meses do ano, o consumo chegou a 4,5 milhões de metros cúbicos — um crescimento de 6,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa é fechar 2025 com um total de 9,6 bilhões de litros consumidos, alta de 5,9% em relação a 2024.

Esse crescimento é puxado pela política de mistura obrigatória do biodiesel no diesel fóssil, que avançou de B12 para B14 em 2024 e atingiu B15 em agosto deste ano.

Na linha de produção, o óleo de soja reina absoluto, representando mais de 80% da matéria-prima utilizada. Para 2025, a previsão é que sejam usados 7,8 milhões de toneladas desse óleo, um aumento considerável frente aos 7,2 milhões do ano anterior. Outros ingredientes, como sebo bovino, óleo de palma, milho e até óleo de fritura reciclado, colaboram para diversificar e fortalecer a cadeia produtiva.

O setor também mostra que é força econômica: o PIB do biodiesel no primeiro trimestre de 2025 atingiu R$ 17,8 bilhões — um salto de impressionantes 67% sobre o mesmo período de 2024. A valorização do óleo de soja, antes tido como mero subproduto, confirma a importância crescente dessa cadeia para a economia nacional.

Olhando para o horizonte, o Brasil traça metas ambiciosas. A Lei do Combustível do Futuro já aponta para a chegada do B20 — 20% de biodiesel na mistura do diesel — até 2030. O objetivo é claro: reduzir a emissão de gases de efeito estufa e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, preparando o país para um futuro mais verde e sustentável. As projeções indicam que o consumo de biodiesel pode chegar a 15,2 bilhões de litros nessa década.

Comprovação técnica

Filipe Cunha, head de biodiesel da SCA Brasil, cita: o caminho para ampliar a mistura de biodiesel no diesel comum — rumo ao B20 até 2030 — está sólido e bem fundamentado. “Nossa jornada é construída sobre bases firmes, com comprovação técnica e testes rigorosos que garantem a qualidade e a segurança energética do país”, destaca. A entrada em vigor do B15, em agosto de 2025, é a prova clara dessa maturidade regulatória, que equilibra inovação com responsabilidade. Para Cunha, esse avanço não é apenas uma conquista, mas um sinal do compromisso do Brasil com um futuro energético mais sustentável.

No entanto, ele alerta para um ponto crucial: “Com o aumento da procura por biodiesel, cresce também a pressão sobre o óleo de soja, que é a principal matéria-prima do biocombustível no Brasil.” Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmam que o óleo de soja foi responsável por 75,1% da produção nacional de biodiesel no primeiro semestre de 2025, reforçando sua centralidade na cadeia produtiva.

Esse cenário mostra que a expansão do biodiesel não depende só da tecnologia e da regulação, mas também da capacidade do agronegócio em atender à demanda crescente, equilibrando produção e sustentabilidade.

Canal-Jornal da Bioenergia

 

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