Um dos focos da COP 30 seguramente será debater os caminhos para garantir uma transição energética que combine justiça social com economia — empregos no campo, uso de tecnologia limpa e valorização da produção regional. No caso da produção de biocombustíveis , o Brasil irá certamente mostrar que a frota aqui já tem como base a energia limpa e renovável. Afinal, mais de 80% dos carros leves vendidos no país são flex. E o etanol é combustível de segunda geração, com pegada de carbono muito menor que gasolina. Já estamos usando mobilidade limpa sem mudar o carro nem o bolso do consumidor. Aqui, 90% da energia vem de fontes renováveis (hidro, solar, eólica, biomassa).
Biocombustíveis avançados em ascensão
Na Conferência, o Brasil terá ainda como mostrar que o etanol de 2ª geração (de bagaço e palha de cana) já é realidade e que diesel verde (HVO) já está em estágio avançado. A primeira produção do diesel comercial do diesel verde aconteceu em 2023, pela BSBIOS (hoje ECB Group) na usina de Passo Fundo (RS), em pequena escala, pra testes e certificações. A produção ainda não é em larga escala, como acontece com o biodiesel comum (que é um éster, diferente do diesel verde que é um hidrocarboneto).
SAF -Um caminho em construção
No caso do SAF, o Brasil vai mostrar que desenvolve tecnologia de ponta. Raízen (parceria com Shell) deve ser a primeira a produzir SAF em escala comercial, com base em etanol. Existem ainda outros projetos em desenvolvimento, testes laboratoriais e certificações em andamento. O país tem grande potencial para se tornar líder na produção de SAF com a lei “Combustível do Futuro” estimando a produção de 1,6 bilhão de litros a partir de 2027. O Brasil se destaca pela abundância de matérias-primas como cana-de-açúcar, resíduos agrícolas e óleos usados, o que o coloca em uma posição favorável para liderar a produção de SAF na América Latina, com projeções de alcançar 60% da produção total até 2050.
Um dos principais desafios é o custo de produção do SAF, que atualmente é mais elevado do que o do querosene de aviação convencional. Em agosto de 2024, foram liberados R$ 6 bilhões via BNDES e Finep para financiar projetos de produção de SAF; a ANAC ficou responsável por avaliar os planos de negócio. Desde junho de 2024, a iniciativa Conexão SAF reúne governo, indústria, academia e sociedade para debater “certificação, regulação, financiamento, infraestrutura, tributação” e outros temas para viabilizar o SAF em larga escala.
Canal-Jornal da Bioenergia