O assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) para a área de Cana-de-Açúcar, Alexandro Alves, afirma que há potencial para alcançar mais expressividade na produção de etanol de milho em Goiás, especialmente durante a entressafra da cana (Crédito: Larissa Melo)

Artigo/Ainda bons ventos para o setor sucroenergético em 2017

Ninguém do setor sucroenergético pode ter a ousadia de reclamar de 2016. Os bons ventos que sopraram sobre o setor no ano passado, continuarão em 2017. Sem dúvida, foi o melhor ano em quase uma década, com os preços do açúcar no mercado interno batendo recorde e o preço no mercado internacional, além das boas vendas de etanol e equilíbrio na remuneração do biocombustível.

O ano de 2016 também foi de retomada do diálogo entre o setor e o governo federal, que muito estava desgastado no governo anterior, tanto que houve retomada das conversas para aumento da produção de biocombustível de modo a cumprir os acordos internacionais como compromisso na redução das emissões de gás efeito estufa – o Renovabio. Isso virá com toda força e incrementará a produção nas usinas brasileiras. Essas discussões visam debater, especialmente, o papel dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, que apesar de estar ainda aquém do desejado, é uma das maiores do mundo.

O ano de 2017 promete ser tão bom quanto foi em 2016 e com um adicional: além da expectativa de que os preços do açúcar e etanol se mantenham remuneradores, traz a esperança de que o setor será renovado. O crescimento visto há quase dez anos no setor sucroenergético brasileiro, deve se recuperar e retomar seu crescimento em 2017 depois de anos a fio de crises e dificuldades. Indicativos apontam que o mercado de açúcar deve continuar firme mediante ao grande déficit mundial ainda persistente em função especialmente de quebra na produção no Sul Asiático e da diminuição de estoques de mais de 50% no União Européia.

Com o etanol também não será diferente. O mercado do biocombustível está em alta no mundo. A Cúpula do Clima de Paris (COP 21) aprovou há, aproximadamente, dois anos, o primeiro acordo de extensão global para frear as emissões de gases do efeito estufa e para lidar com os impactos da mudança climática, e isso trará a obrigatoriedade dos países do mundo em usar combustível renovável em sua matriz energética.

No quesito saúde financeira do setor, apesar da dívida ultrapassar os R$ 100 bilhões, a valorização dos produtos da cana, a melhoria nos processos de gestão do negócio e as novas tecnologias de incremento de produtividade, trarão, a uma parte considerável do setor, neste ano, um caixa mais equilibrado, o que permitirá mais investimentos. Além desses fatores, o câmbio também contribuiu para estancar a dívida.

A expectativa para 2017 é de uma produção bem semelhante ao que aconteceu em 2016 e os preços ainda continuarão remuneradores para industriais e produtores independentes e deverão seguir os bons resultados encontrados em 2016, não só para o açúcar, mas também para o etanol. As usinas procurarão maximizar a produção de açúcar e o mix deve ser levemente mais alto esse ano para o produto, comparado ao ano anterior, mesmo assim o etanol continuará sendo o mais produzido.

Ao que tudo indica o clima deve contribuir no Centro Sul, diferentemente do que ocorre com o Nordeste Brasileiro, que enfrenta a pior seca em décadas. Boa parte dos consultores apostam em melhora na produtividade e boa média na produção de sacarose.

Havia uma previsão de melhora nos níveis de renovação de canaviais em 2017 alcançando pelo menos 17% das áreas, porém, com os bons preços do açúcar e de modo a evitar da diminuição na disponibilidade de cana para esta safra, haverá um desestimulo para renovar agora e o índice deve chegar a 11%, mesmo assim, a safra de cana em 17/18 é projetada em 10 milhões toneladas a menos.

Em números a safra deve ser aproximar de 600 milhões de toneladas no centro sul e em Goiás próximo de 70 milhões de toneladas, bem próximo ao colhido na safra 16/17. No estado, a destinação de matéria-prima para o açúcar deve crescer quase 8% e 4% para etanol. A área colhida deve ser próxima de 940 mil hectares (a área plantada ultrapassa 1 milhão de hectares). A produção de etanol deve crescer 6% e a de açúcar 15%, com 4,5 bilhões de litros e 3,1 milhões toneladas, respectivamente. A produtividade dependerá muito das condições climáticas e a colheita está prevista para início de abril. Os principais municípios produtores continuam sendo: Quirinópolis, Itumbiara, Perolândia, Goiatuba, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Bom Jesus de Goiás, Santa Helena de Goiás, Acreúna, dentre outros.

Alexandro Alves dos Santos é Assessor Técnico para área de cana-de-açúcar e bioenergia da Faeg

 

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