Artigo/ Mais do que energia, o Brasil precisa exportar inteligência

Em conferências climáticas e relatórios de investimentos internacionais, o Brasil tem se destacado como uma potência energética verde. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a matriz elétrica brasileira é composta por cerca de 90% de fontes renováveis como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa, sendo um dos maiores potenciais do mundo para exportar energia limpa. No entanto, surge uma questão urgente: o Brasil está preparado para exportar também inteligência energética?

Apesar de países como Alemanha, Japão e Estados Unidos procurarem fornecedores confiáveis com rastreabilidade, previsibilidade e segurança digital, boa parte da infraestrutura energética brasileira ainda opera de forma analógica. Segundo dados da Aneel, o setor registrou R$ 28,8 bilhões em perdas em 2023, muitas delas decorrentes da falta de automação, falhas de monitoramento e gestão ineficiente. Isso significa que, mesmo com abundância de energia limpa, ainda não entregamos o nível de inteligência e confiabilidade exigidos pelo mercado internacional.

Nesse contexto, tecnologias como Inteligência Artificial, Data Analytics e Nuvem Híbrida tornam-se pilares estratégicos de competitividade energética. A IA pode antecipar falhas, ajustar a oferta em tempo real e otimizar a operação conforme variáveis climáticas e de demanda. O uso de analytics permite identificar perdas, ganhos de eficiência, simular cenários de exportação e orientar decisões de investimento. Já a nuvem híbrida conecta os dados entre campo, centrais e parceiros internacionais, garantindo segurança cibernética, interoperabilidade e conformidade regulatória, como a LGPD.

O que o mundo busca não é apenas energia limpa, mas energia limpa inteligente, com rastreabilidade, auditabilidade e integração com cadeias digitais globais. O hidrogênio verde brasileiro, por exemplo, só será competitivo se puder ser entregue com certificação digital em tempo real, rastreável desde a origem. Isto também se aplica às usinas solares e parques eólicos que só serão considerados de alta qualidade se combinarem geração com visibilidade, automação e governança digital. E ainda há muitas empresas no setor que hesitam em dar esse salto tecnológico.

A boa notícia é que a janela de oportunidade está aberta. Diante das tensões geopolíticas crescentes e da insegurança energética global, o mundo está em busca de fornecedores confiáveis, transparentes e tecnologicamente preparados. O Brasil tem os recursos naturais, o território e a vocação para isso, mas precisa ativar o “cérebro digital” dessa operação.

Exportar energia é importante, mas exportar energia inteligente é liderar. É agregar valor, garantir soberania tecnológica e assumir protagonismo no novo mapa energético global. O momento de agir é agora e empresas, governos e operadores devem acelerar essa transformação digital antes que o Brasil perca a chance de liderar esse novo ciclo energético.

Por: Paulo Quaresma, Account Manager MultiSector , Hybrid Cloud & Data Analytics & AI da Logicalis

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