Alan Henn, CEO da Voltera - Crédito: Divulgação

Artigo/ Como saber se a comercializadora de energia é confiável?

Nos últimos meses, a Medida Provisória nº 1.300 reacendeu o debate sobre a abertura total do mercado livre de energia no Brasil. A expectativa é que, a partir de 2026, todos os consumidores comerciais e industriais de baixa tensão — e em 2027 os residenciais — possam escolher de quem comprar energia.
Essa liberdade de escolha traz benefícios importantes, como economia e previsibilidade, mas também exige mais responsabilidade. E uma das perguntas mais comuns de quem começa a explorar esse mercado é: como saber se a comercializadora de energia é confiável?
Antes de mais nada é importante entender que a comercializadora é uma empresa que atua como intermediária entre os geradores e os consumidores no mercado livre de energia. Ela compra energia diretamente de usinas e a revende para empresas e consumidores finais. Mas, sua função vai muito além da revenda: uma comercializadora ajuda na análise do perfil de consumo, sugere o melhor momento para comprar energia, auxilia na portabilidade e acompanha o desempenho do contrato mês a mês. Como identificar uma comercializadora de energia confiável?

1. Autorização pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) – A primeira verificação é básica: a comercializadora precisa ser autorizada pela agência reguladora para atuar no mercado livre de energia. Isso garante que ela está apta a operar e segue as regras do setor. A lista está disponível no próprio site da Aneel;

2. Histórico e reputação – Consulte o tempo de mercado da empresa, o perfil dos clientes que ela atende, cases públicos e avaliações dos clientes em redes sociais. Quanto mais consolidada, menor o risco de problemas futuros;

3. Transparência nos contratos – Exija propostas claras, com explicação clara sobre tarifas, encargos e cláusulas de rescisão. Se a linguagem for confusa ou vaga, desconfie. Uma empresa séria sabe que confiança começa com comunicação transparente;

4. Atendimento e suporte – A energia elétrica é uma questão estratégica para sua empresa. Se houver um problema, você precisa ter um canal eficiente de atendimento. Por isso, teste o suporte antes mesmo de fechar contrato, para avaliar o tempo e a qualidade da resposta;

5. Análise de risco e fator de alavancagem – Esse é um ponto técnico, mas fundamental. Toda comercializadora tem um “fator de alavancagem” — índice que mostra o quanto ela está se expondo financeiramente no mercado de curto prazo. Um fator abaixo de 0,1 indica que a empresa é conservadora e sólida. Já fatores acima de 0,5 sinalizam risco elevado. Esse dado está disponível no portal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE);

No mercado livre de energia, o preço competitivo é apenas o ponto de partida. O verdadeiro diferencial está na qualidade do serviço prestado. Afinal, energia é um insumo vital para o funcionamento de qualquer operação — e, portanto, a relação com a comercializadora deve ser baseada em responsabilidade, previsibilidade e parceria.
Uma comercializadora confiável não atua apenas como vendedora, mas como consultora estratégica, que acompanha o cliente em cada etapa, da migração à gestão do contrato, passando pela análise de risco, projeções e suporte técnico em tempo real.
Confiar é poder contar. E, neste setor, isso significa ter ao lado um parceiro que entende seu negócio, fala com clareza, respeita regras e está comprometido com a continuidade e a eficiência da sua operação. Escolher bem hoje é garantir tranquilidade no futuro.

Alan Henn: Graduado em Engenharia Elétrica pela USP (Universidade de São Paulo). É CEO e fundador da Voltera Energia, companhia que conecta e democratiza o acesso de qualquer empresa do Brasil ao mercado livre de energia.

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