Boa produtividade do canavial depende de vários fatores

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Uso correto de fertilizantes, manejo sanitário e renovação do canavial são práticas conhecidas que permitem o desenvolvimento das lavouras. A cana- de-açúcar é bastante influenciada em relação às variações climáticas ao longo de todo o seu ciclo vegetativo, o que pode trazer benefícios ou prejuízos para a cultura.

A cana precisa de três fatores para se desenvolver: radiação solar, temperatura e água. O primeiro fator, a intensidade luminosa, está relacionado à fotossíntese e, consequentemente, ao acúmulo de açúcares, além de influenciar no perfilhamento.

A temperatura afeta o crescimento da planta, o sistema radicular e também a emissão de folhas. Já a água define todo o crescimento e desenvolvimento da planta. Segundo o Professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), Fábio Marin, a água é um elemento restritivo. Um exemplo dessa limitação é a queda da produção de cana nas lavouras de São Paulo, verificada nesta safra, em razão da insuficiência de chuvas.

Sem considerar os valores genéticos de cada espécie, a cana-de-açúcar apresenta grandes adaptações climáticas devido ao longo ciclo – a safra tem início, geralmente, no mês de abril e finaliza apenas em dezembro. Assim, durante a fase de crescimento, encontra as melhores condições para esta fase, o período quente e úmido. Já na fase de maturação o indicado é o tempo seco, ensolarado e mais frio.

 “As condições climáticas são uma importante matéria-prima para o desenvolvimento da cana. O clima é um insumo”, explica o Professor Fábio Marin. Assim como a aplicação de defensivos e fertilizantes é realizada meticulosamente, o clima também deve ser monitorado para antever as mudanças climáticas.

Atualmente, na Esalq, vem sendo desenvolvido um experimento de campo que permite entender a resposta da cana aos fatores climáticos – a modelagem de crescimento.  O objetivo é obter informações para o manejo mais adequado da lavoura.

Com 24 unidades no Brasil, a maior empresa do setor sucroenergético do País, a Raízen, faz uso de informações meteorológicas e climáticas. São pilares importantes no planejamento da cultura da cana-de-açúcar em todas as suas etapas, desde o preparo de solo e plantio, até a colheita.

O grupo possui uma rede própria de 13 estações meteorológicas automáticas que transmitem os dados via GPRS a uma central. Além disso, a empresa acessa via Internet os dados da rede de estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Todas as estações possuem termômetro, medidor de umidade relativa do ar, pluviômetro, anemômetro (direção e velocidade do vento) e radiômetro (radiação solar). As dimensões das áreas das lavouras da Raízen impõem significativa diversidade climática, que acarreta diferenças de produtividade e qualidade entre as regiões, aumentando a importância de um sistema de monitoramento agrometeorológico eficaz.

Assim, o grupo atua com a obtenção de dados confiáveis de temperatura e umidade do ar, velocidade de vento, radiação solar e chuva, com a função de obter melhores estimativas da evapotranspiração, balanço hídrico e variação do armazenamento de água no solo em diferentes períodos das estações automáticas distribuídas em localidades que representem climaticamente as regiões produtoras. O objetivo é estimar a produtividade e maturação da cultura com base em modelagem agrometeorológica, além de espacializar as chuvas e o balanço hídrico.

Nesse processo também é possível quantificar as necessidades hídricas da cultura e, assim, aperfeiçoar os projetos de irrigação dos campos e determinar os dias trabalháveis, auxiliando o planejamento operacional agrícola.

 O acesso às previsões meteorológicas e climáticas em portal de acesso livre pela Internet, tais como as informações sobre as condições do tempo de curto e médio prazos,  num intervalo de 15 dias, facilita o planejamento das operações agrícolas. Essas previsões também permitem estimativas sobre a situação da cultura,  a exemplo das condições fitossanitárias, risco de florescimento e as devidas ações corretivas.

 

Canal-Jornal da Bioenergia

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