Foto: Agência Brasil- Ingrid Barros

Pesquisa: biodiesel de babaçu se destaca e supera soja em eficiência e redução de emissões

Um novo estudo realizado por universidades brasileiras colocou o biodiesel de babaçu no centro do debate sobre combustíveis renováveis. A pesquisa comparou o desempenho energético e ambiental do biodiesel produzido a partir da palmeira — comum em áreas do Norte e Nordeste — com o biodiesel derivado da soja, hoje predominante na matriz brasileira. O resultado surpreendeu até os pesquisadores: o babaçu se mostrou mais eficiente na geração de energia e capaz de reduzir mais poluentes durante a queima.

Os testes foram feitos em motores geradores padronizados, simulando as condições reais de uso do biocombustível. De acordo com os pesquisadores, o biodiesel de babaçu exigiu menor consumo para produzir a mesma quantidade de energia e apresentou desempenho superior em indicadores de combustão, especialmente na redução de monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOₓ).

O diferencial começa na própria composição da semente. O babaçu apresenta teor de óleo significativamente maior que o da soja, chegando a patamares acima de 60% em algumas variedades, enquanto a oleaginosa mais cultivada do país oferece aproximadamente um terço disso. Na prática, isso significa mais biodiesel por hectare e maior rendimento industrial.

Outro ponto relevante é a estabilidade química. O biodiesel de babaçu possui maior resistência à oxidação, o que permite armazenamento prolongado sem perda significativa de qualidade — característica importante para regiões remotas e sistemas logísticos mais longos.

Além dos ganhos ambientais e energéticos, o estudo reacende discussões sobre desenvolvimento regional. O babaçu é parte da economia de diversos territórios extrativistas, especialmente em comunidades do Maranhão, Piauí e Tocantins. A ampliação do uso industrial da palmeira pode fortalecer cadeias produtivas locais, gerar renda e diversificar a matriz de biocombustíveis do país, hoje altamente concentrada na soja.

Atualmente, cerca de três quartos do biodiesel brasileiro têm origem na oleaginosa. Para especialistas, os resultados do estudo indicam que investir em matérias-primas alternativas — como o babaçu — pode aumentar a segurança energética, reduzir emissões e ampliar a sustentabilidade econômica dos biocombustíveis.

O avanço das pesquisas deve estimular novos projetos e atrair interesse de produtores, indústria e governo. Com maior eficiência, menor impacto ambiental e forte potencial social, o babaçu volta a despontar como uma das matérias-primas mais promissoras da transição energética brasileira.

Canal-Jornal da Bioenergia

 

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