Divulgação Ubrabio

Brasil está preparado para ampliar mistura de biodiesel no diesel para até 25%

Desde agosto de 2025, o Brasil tem a mistura obrigatória de 15% de biodiesel (B15) no diesel. O próximo passo será ampliar gradualmente esse percentual, até chegar a 20% (B20) em 2030. A Lei do Combustível do Futuro (14.993/2024) também autoriza o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a avaliar, a partir de 2031, a possibilidade de elevar a mistura para até 25% (B25), conforme a viabilidade técnica e os impactos econômicos e regulatórios do setor.

Estudos e monitoramento técnico

Antes de qualquer ampliação, os órgãos responsáveis — entre eles ANP, Inmetro e Ministério de Minas e Energia — farão avaliações sobre o comportamento do combustível em motores, diferentes condições climáticas e efeitos na logística de transporte e nos custos de produção agrícola. Esses estudos são considerados essenciais para garantir estabilidade, segurança e qualidade do produto final.

Petrobras afirma estar pronta

Durante o 10º Fórum CNT de Debates, realizado em Brasília, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a estatal já tem condições técnicas de atender ao aumento da mistura. “Para chegar a 25% de mistura de biodiesel no diesel nós estamos a postos. A Petrobras é capaz de fornecer um diesel com 10% de conteúdo vegetal, estável, tão perfeito em termos de estrutura que a única forma de perceber a diferença entre os diesels é por meio do teste de carbono 14”, declarou. A posição da Petrobras reforça o papel da empresa na transição energética e na preparação para o cumprimento das metas previstas pela nova legislação. A companhia já realizou testes bem-sucedidos e comercializou combustível marítimo (bunker) com 24% de biodiesel (B24), mostrando que misturas mais elevadas são viáveis tanto do ponto de vista técnico quanto ambiental.

Esses combustíveis utilizam resíduos agroindustriais, como o UCOME (éster metílico de óleo de cozinha usado), reforçando o compromisso da estatal com soluções sustentáveis e de baixo impacto ambiental. Além disso, a Petrobras investe na modernização de suas refinarias para produzir diesel coprocessado, que combina óleo de soja ao petróleo convencional. A medida busca reduzir emissões, ampliar o portfólio de produtos de baixo carbono e apoiar as metas do governo para autossuficiência energética e industrialização de grãos. A experiência da estatal em misturas elevadas de biodiesel evidencia o potencial de expansão futura do combustível no Brasil, abrindo caminho para a implementação de percentuais superiores na matriz energética, conforme previsto na Lei do Combustível do Futuro.

Impactos na cadeia produtiva

O avanço do teor de biodiesel no diesel depende também da disponibilidade de matérias-primas, especialmente o óleo de soja, e da ampliação da capacidade industrial das usinas de produção. O setor de transportes e a indústria automotiva acompanham o processo com atenção, já que percentuais maiores podem exigir ajustes técnicos em motores e manutenção de frotas. Associações do agronegócio e entidades ligadas à bioenergia defendem que o aumento da mistura fortalece a economia rural, estimula a inovação e reduz a emissão de gases de efeito estufa — desde que as decisões sejam baseadas em critérios técnicos e previsibilidade regulatória.

Próximas etapas

Com o B15 já em vigor, o Brasil dá sequência a uma estratégia que combina sustentabilidade, tecnologia e segurança energética. As discussões sobre a viabilidade do B25 devem ganhar força nos próximos anos, em um cenário que coloca o país como referência global na produção e uso de biocombustíveis.

Canal-Jornal da Bioenergia

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