Especialistas reforçam expansão da produção de cana e milho, oportunidades em biocombustíveis avançados e a importância do Renovabio para sustentabilidade do setor
Nos dias 20 e 21 de outubro, São Paulo recebeu a 25ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, marcada pelos 50 anos do Proálcool e pelo protagonismo brasileiro na produção de biocombustíveis. O evento reuniu autoridades, executivos e especialistas para discutir inovação, sustentabilidade e expansão do setor sucroenergético.
Primeiro dia: legado e novas oportunidades
A abertura, realizada no Grand Hyatt São Paulo, trouxe um tributo ao Proálcool, programa que transformou o Brasil em referência mundial na produção de etanol. Um vídeo especial relembrou a trajetória iniciada na década de 1970 por Lamartine Navarro e Cícero Junqueira Franco, destacando os benefícios ambientais e econômicos do programa, como a redução de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ e a economia em importações de gasolina.
O presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, ressaltou o legado histórico e o futuro do setor, destacando o papel do Brasil na regulação e inovação em biocombustíveis. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enfatizou os avanços do estado em biometano e etanol, reforçando o compromisso com a transição energética.
No painel sobre novas oportunidades de uso, o deputado federal Arnaldo Jardim destacou a demanda crescente por combustíveis avançados sustentáveis (SAF e biobunker), hidrogênio verde, biogás e química verde. Ele afirmou que políticas públicas modernas e financiamento privado, como os Fiagros, são fundamentais para o desenvolvimento do setor. Complementando o debate, líderes como Mário Campos Filho e Jaime Verruck abordaram geopolítica e potencial regional em bioenergias.
Segundo dia: crescimento da produção e novos mercados
O segundo dia da conferência começou com o painel sobre os cenários do etanol de cana e milho, moderado por Rogério Mian, Diretor Executivo da UDOP, e contou com a palestra de Plínio Nastari, que apresentou um panorama detalhado do setor. Segundo Nastari, “o maior fundamento do mercado é que o consumo mundial continua crescendo a 1,8 milhão de toneladas por ano, e o Brasil é um dos polos potenciais de crescimento no mundo”.
O executivo destacou que, até dezembro de 2026, a capacidade de produção de etanol de milho deve crescer 5 bilhões de litros, e, considerando a curva de implantação, a produção deve aumentar entre 3 e 3,5 bilhões de litros, oferecendo uma perspectiva de expansão da oferta. “Por isso, é necessário encontrar novos mercados, tanto no mercado interno quanto no externo”, ponderou.
Nastari ressaltou ainda que o déficit da região Nordeste deve diminuir significativamente até o final da década, reduzindo a necessidade de transferências do Centro-Sul. Ele reforçou que “a competição internacional continuará intensa, tanto no etanol quanto no DDG. O Renovabio é relevante não apenas pela precificação de carbono, mas também pela certificação individual, fundamental para a expansão do etanol em novos mercados, SAF, biobunker e bioplásticos. O consumo de etanol precisa avançar para absorver esse aumento de oferta, e há ainda grande espaço para educação sobre o uso no Brasil, especialmente pelo aumento da proporção da frota flex com o uso de etanol hidratado, que hoje está em torno de 27%. O acesso a novos mercados será fundamental para preservar a sustentabilidade do setor, visto que o mercado potencial é 9,2 vezes a produção mundial atual, mas o timing será determinante para a materialização dessas oportunidades”.
Nastari enfatizou que o setor precisa se preparar para a expansão da produção, consolidando novos mercados e fortalecendo o consumo interno, garantindo que o Brasil continue líder global em biocombustíveis.
Conclusão
A 25ª Conferência DATAGRO consolidou-se como fórum essencial para refletir sobre o futuro do etanol, equilibrando legado histórico, inovação tecnológica e sustentabilidade. Com discussões sobre novas demandas, políticas públicas, expansão de produção e certificação ambiental, o evento reafirma o papel do Brasil como líder mundial em biocombustíveis e energia renovável. (Canal- Jornal da Bioenergia)