RenovaBio é uma riqueza compartilhada, apontam especialistas

A consolidação do programa de descarbonização do Brasil, que foi debatido no webinar “O RenovaBio como impulsionador da indústria de base do mercado de bioenergia”, promovido pela FENASUCRO & AGROCANA TRENDS, é visto como ferramenta para potencializar a economia

O RenovaBio é considerado um programa capaz de impulsionar toda cadeia produtiva do segmento de bioenergia por meio do compartilhamento da receita entre os participantes como usinas, indústria de base, produtores e os demais elos da cadeia produtiva. Essa questão foi o principal tema central no debate entre alguns dos maiores especialistas e representantes do setor de bioenergia durante o webinar “O RenovaBio como impulsionador da indústria de base do mercado de bioenergia”, promovido pela FENASUCRO & AGROCANA TRENDS com o apoio da General Chains, na quinta-feira, dia 25.

Para Evandro Gussi, Presidente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o RenovaBio cria um marco institucional, que é rastreado pelo processo de descarbonização e beneficiará o biocombustível mais eficiente.

“O Programa trabalha com um processo de elo, a descarbonização criou esse mercado e essa nova riqueza, que é compartilhada. O processo do mercado é simples: gera mais receita, que gera mais investimentos, que nutre a indústria de base, fortalece o produtor e que impacta os demais setores envolvidos no fornecimento de serviços e produtos. Mais produtos, mais riquezas, mais distribuição para todos os participantes dessa cadeia produtiva do segmento de bioenergia”, disse.

O presidente do CEISE Br, Luís Carlos Júnior Jorge, reforça o movimento em cadeia apontando que é um processo irreversível e a indústria de base possui capacidade ociosa para atender toda demanda que será gerada pelos novos projetos.

“Ao receber os recursos da descarbonização, a usina investirá em novos projetos para aumentar as reduções de carbono e isso irá movimentar a indústria de base. O RenovaBio vem em um bom momento porque a indústria de base tem uma grande ociosidade e consegue atender as demandas, além de movimentar toda cadeia produtiva. É uma cadeia em que a usina indo bem, a indústria vai bem. Os empresários entenderam que é um caminho sem volta. Os investimentos já começaram e com a consolidação do RenovaBio tudo vai melhorar. A sustentabilidade é a palavra para os novos negócios”, afirma Jorge.

O diretor técnico comercial da General Chains, Luís Carlos Bróglio, revela que os primeiros impactos já são percebidos pelo setor e que a tendência é o fortalecimento desse movimento. “Já está sendo considerado nos planejamentos de curto e médio prazo como suprir essas demandas por meio de novos equipamentos e treinamento da equipe. Teremos uma reação em cadeia em diversos setores. Em 2021, até março, já foram alcançados 24% da meta do ano e percebemos que isso está com um movimento muito forte no exterior, o que tem gerado muitos negócios”, conta Bróglio.

Perspectivas

De acordo com Jacyr Costa Filho, do Comitê Executivo do Grupo Tereos e presidente do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp), além do processo de descarbonização, o RenovaBio estimula a geração de novos produtos e inovação em relação à eficiência para conquistar novos mercados.

“A indústria está se diversificando, já passou pelo açúcar, pelo etanol, pela cogeração, agora temos o biogás e o CBIO. O biogás será um novo produto que trará ganhos importantes no aumento da cogeração, que será um foco de atenção muito grande. Além disso, o crédito de carbono é cotado a 40 euros na Europa. Em relação ao ano passado, quase que dobrou a cotação e ainda tem uma tendência de alta. Isso é uma oportunidade fora do Brasil, já que a Europa estuda a possibilidade de contratação fora do território”, comenta Costa Filho.

Considerando esse cenário, o chefe do departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Mauro Arnaud de Queiros Mattoso, explica que a instituição possui diversas linhas para auxiliar nos futuros projetos.

“O BNDES possui linhas de financiamento para os produtores, para renovação de frota e para aquisição de equipamentos que podem ajudar todos os elos da cadeia. O programa focado no RenovaBio irá financiar as empresas com base no potencial no fator de emissão, que se tiver um aumento receberá descontos na taxa aplicada”, diz Mattoso.

Para Paulo Montabone, diretor da FENASUCRO & AGROCANA, o Brasil é referência em tecnologia para biocombustíveis e bioenergia no cenário mundial e vem ganhando mais relevância com o RenovaBio. “Nosso país é protagonista no mercado bioenergético, atraindo o interesse de muitos outros que vêm para cá em busca de alternativas, exemplos e soluções. Temos um potencial gigantesco neste sentido”.

O evento inaugurou uma série de 6 webinars da programação de 2021 da FENASUCRO & AGROCANA TRENDS, que tem como propósito oferecer conhecimento e dar luz às principais pautas de todos os elos da cadeia produtiva de bioenergia, hoje uma das comunidades mais fortes entre as indústrias do Brasil. Informações: https://www.fenasucro.com.br

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