Vários resíduos de alimentos, como restos de frutas, cascas, bagaços, arroz, milho, batata, pão, até borra de café, contêm açúcares, amido ou celulose, que podem ser fermentados por leveduras para produzir etanol. O processo é parecido com o da produção convencional (como no caso da cana-de-açúcar ou do milho), mas exige tecnologia de pré-tratamento para quebrar as fibras e liberar os açúcares fermentáveis.
O gargalo para a produção em alta escala desse tipo de biocombustível é principalmente o custo. O processo ainda não é tão barato quanto o do etanol de cana e a coleta e separação dos resíduos exige logística e infraestrutura urbana. Por isso, muitos projetos ainda são pilotos ou experimentais. Outro desafio é a regulação sanitária e ambiental.
Exemplos pelo mundo
O Japão é um dos pioneiros nisso. Em Tóquio, existe uma usina que transforma restos de comida (de supermercados e restaurantes) em etanol. O Japão já chegou a produzir milhares de litros por ano só com essa fonte. Já nos Estados Unidos, algumas startups e centros de pesquisa já testam o uso de pão velho, frutas vencidas e batatas descartadas. Uma empresa chamada Fulcrum BioEnergy trabalha com resíduos sólidos urbanos (mistura de orgânicos e plásticos) para produzir combustíveis sustentáveis. No caso da Índia, o país tem programas para transformar resíduos agroindustriais e alimentos perdidos em bioetanol. É uma alternativa tanto à queima dos resíduos quanto ao desperdício alimentar. A Europa vem financiando projetos-piloto nesse sentido. A ideia é reduzir o uso de matéria-prima nobre (como milho e trigo) para etanol, priorizando lixo orgânico urbano e resíduos agroalimentares.
Canal-Jornal da Bioenergia