Brasil abre as portas da tecnologia de etanol para a Índia

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O futebol brasileiro é reconhecido em todo o mundo, e na Índia não é diferente. Diante dessa referência, os indianos usaram o esporte como analogia para expressar a expectativa em relação à parceria para ampliar o uso e a produção de etanol no país asiático. “Somos apaixonados pelo futebol do Brasil e é hora de estendermos essa amizade ao etanol”, resumiu o presidente da Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma), Aditya Jhunjhunwala.

De 20 a 24 de junho, o Brasil recebeu missão formada por integrantes das indústrias sucroenergética e automotiva, do setor de óleo e do governo indiano para conhecer a tecnologia de produção de etanol, desde o cultivo à destinação do produto para o consumidor. A comitiva foi acompanhada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) que, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), vem promovendo uma agenda de diálogo para promover o biocombustível na Ásia.

“A indústria automotiva da Índia está crescendo muito rápido, ao mesmo tempo em que a descarbonização da matriz de transporte é um passo importante, então o etanol se encaixa muito bem nessa transição”, afirmou o diretor executivo da Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos (Siam), Prashnat Kumar Banerjee. “Na Índia, estamos dando passos muito ambiciosos para alcançar as metas do governo”, avaliou.

Até 2014, a mistura de etanol na gasolina da Índia era de apenas 1,5%. No último dia 5 de junho, o primeiro-ministro Narendra Modi anunciou que o país atingiu a 10% de mistura cinco meses antes do prazo, previsto para novembro deste ano. A meta é chegar à 2025 com 20% de mistura de etanol na gasolina.

Por outro lado, no segundo semestre de 2022 a Índia iniciará a produção de carros com motores flex fuel, tecnologia brasileira que permite a utilização de 100% de etanol nos veículos, ou a mistura de qualquer percentual do biocombustível com o seu equivalente fóssil. No Brasil, desde que a tecnologia foi introduzida em 2003, o uso do etanol evitou a emissão de mais de 600 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

Transparência
Durante a missão no Brasil, os indianos tiveram a oportunidade de trocar experiências e tirar dúvidas técnicas sobre a produção e a mistura de etanol. “Os brasileiros foram muito transparentes, estão nos dizendo que problemas enfrentam e o que devemos fazer em cada tipo de situação. Assim, podemos pensar de antemão em soluções para alcançar o E20”, afirmou o presidente da Isma, Aditya Jhunjhunwala.

Em visita à uma distribuidora de combustível, por exemplo, os executivos puderam observar a mistura de 27% de etanol na gasolina brasileira. E mais tarde conversaram com consumidores, no posto de combustível, sobre as opções e as preferências. As tecnologias automotivas nacionais com etanol, como os carros híbridos e flex, também foram apresentadas aos indianos, que visitaram as fábricas da Volkswagen e da Toyota no Brasil.

Já no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a delegação teve a oportunidade de compreender a aplicação do conhecimento científico em tecnologias que possibilitam a melhoria da produtividade do setor sucroenergético. “Apresentamos o papel estratégico do CTC na aplicação de tecnologias disruptivas que contribuem para consolidar o etanol de cana-de-açúcar como um dos principais agentes de descarbonização do planeta e, consequentemente, para a mobilidade sustentável”, disse a diretora de Assuntos Regulatórios do Centro, Silvia Yokoyama.

A missão também marca o início da implementação das ações previstas no memorando de entendimento firmado em abril entre a Unica e a Siam. A parceria prevê a construção de uma agenda integrada para redução de emissões na matriz de transporte veicular na Índia, entre elas a criação do Centro Virtual de Excelência (CoE), que funcionará como um hub sobre avanços tecnológicos, normas técnicas, regulamentos, políticas públicas e sustentabilidade relacionados à bioenergia.

“Muito em breve teremos carros flex rodando em nossas cidades. Juntos, brasileiros e indianos vamos promover o etanol em todo o mundo”, concluiu o representante do governo indiano na missão, Jitendra Juyal. O grupo visitou ainda a APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e o terminal de uma empresa do setor no porto de Santos (SP), onde acompanhou a logística para exportação de produtos da cana-de-açúcar.

Projeto ApexBrasil
A ApexBrasil e a Unica tornaram pública em fevereiro de 2008 uma estratégia para promover a imagem dos produtos sucroenergéticos no exterior, em especial do etanol brasileiro como uma energia limpa e renovável. As duas entidades assinaram um convênio que prevê investimentos compartilhados. O projeto pretende influenciar o processo de construção de imagem do etanol e demais derivados da cana-de-açúcar junto aos principais formadores de opinião mundial – governos e meios de comunicação, bem como empresas de trading, potenciais investidores e importadores, ONGs e consumidores. Unica

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