Eólica já é a segunda fonte da matriz elétrica brasileira com 15 GW de capacidade instalada

Print Friendly, PDF & Email

Os ventos passaram a ser o segundo recurso mais utilizado no Brasil para a geração de energia elétrica e já temos 15GW de capacidade instalada. São mais de 7 mil aerogeradores, em 601 parques eólicos, em 12 estados. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 11 de abril, pela ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica, instituição que reúne cerca de cem empresas da indústria eólica, incluindo fábricas de aerogeradores, de pás eólicas, operadoras de parques eólicos, investidores e diversos fornecedores da cadeia produtiva.

“Se considerarmos que a energia eólica tinha cerca de 1 GW instalado em 2011 é um feito realmente impressionante chegarmos a ocupar este lugar de destaque na matriz elétrica. Acho fundamental destacar que há diferentes formas de observar a matriz elétrica de um País e uma das possibilidades é considerar a fonte primária de geração, ou seja, qual é o recurso utilizado para a geração elétrica. Acredito que esta é uma forma de apresentação que nos dá uma visão interessante e detalhada do que estamos utilizando para produzir energia no Brasil e, neste caso, o vento é a segunda fonte do País”, explica Elbia Gannoum. Veja, abaixo, a matriz elétrica brasileira por fonte. Os valores abaixo têm como fonte dados da ANEEL. Veja, no final deste release, um quadro explicativo sobre a construção dessa matriz.

Além dos 15 GW de capacidade instalada, há outros 4,6 GW já contratados ou em construção, o que significa que, ao final de 2023, serão pelo menos 19,7 GW considerando apenas contratos já viabilizados em leilões e com outorgas do mercado livre publicadas e contratos assinados até agora. Novos leilões e novos contratos no mercado devem aumentar os números projetados consideravelmente. A evolução de capacidade instalada da energia eólica ao longo dos anos pode ser vista abaixo:

“No caso do Brasil, além deste crescimento consistente nos últimos anos, existe um fator que tem que ser destacado sempre, que é a qualidade de nossos ventos. Enquanto a média mundial do fator de capacidade está em cerca de 25%, o Fator de Capacidade médio brasileiro em 2018 foi de 42%, sendo que, no Nordeste, durante a temporada de safra dos ventos, que vai de junho a novembro, é bastante comum parques atingirem fatores de capacidade que passam dos 80%. Isso faz com que a produção dos aerogeradores instalados em solo brasileiro seja muito maior que as mesmas máquinas em outros Países. Somos abençoados não apenas pela grande quantidade de vento, mas também pela qualidade dele”, resume Elbia.

Segundo dados da CCEE, em 2018, foram gerados 48,4 TWh de energia elétrica, o que representou 8,6% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional no período. Em relação a 2017, foi registrado um crescimento de 14,6% na geração de energia eólica, enquanto a geração como um todo cresceu 1,5% no mesmo período. “Se quisermos trazer isso para uma compreensão mais próxima da nossa realidade, dá para dizer que o que as eólicas produziram de energia no ano passado, em média, seria o suficiente para abastecer 25,5 milhões de residências ou cerca de 80 milhões de pessoas”, explica Elbia.

RECORDES

“Daqui a uns dois meses vamos começar a ver de novo notícias de recordes de geração de energia eólica e isso começa a acontecer porque no finalzinho de maio já estaremos entrando no período que chamamos de safra dos ventos, quando os ventos estão em sua produção máxima”, avisa Elbia.

No ano passado, durante a Safra dos Ventos, a energia eólica chegou a atender quase 14% do Sistema Interligado Nacional – SIN[1]. O Boletim Mensal de Dados do Operador Nacional do Sistema – ONS, referente ao mês de setembro de 2018, por exemplo, mostra que, no dia 19 de setembro, uma quarta-feira, a energia eólica chegou ao percentual de 13,98% de atendimento recorde nacional na média do dia.

No caso específico do Nordeste, os recordes de atendimentos a carga já ultrapassam 70% em uma base diária, mas o dado mais recente de recorde da região é do dia 13 de novembro de 2018, um domingo às 09h11, quando todo o Nordeste foi atendido por energia eólica e ainda houve exportação dessa fonte, já que o volume de 8.920 MW atendou 104% daquela demanda com 86% de fator de capacidade. Nesta mesma data, além do recorde instantâneo é importante mencionar que, por um período de duas horas, o Nordeste foi abastecido em 100% por energia eólica. Vale mencionar também que, por diversos períodos, o Nordeste assume a figura de exportador de energia, uma realidade totalmente oposta ao histórico do submercado que é por natureza importador de energia.

CONTRATAÇÕES EM 2018 E PREVISÕES PARA 2019

Em 2018 foram realizados dois leilões de energia nova, denominados  A-4 e A-6. Ambos os leilões contaram com a participação da fonte eólica. No leilão A-4, realizado em 04 de abril, foram viabilizados 4 projetos (114,4 MW de potência e 33,4 MW médios de garantia física contratada), que deverão iniciar o fornecimento de energia elétrica a partir de 1º de janeiro de 2022. Já o leilão A-6, realizado em 31 de agosto, teve uma contratação mais expressiva e foram 44 projetos eólicos (1.136,30 MW de potência e 420,10 MW médios de garantia física contratada). Neste certame, as usinas devem iniciar a operação comercial a partir de 1º de janeiro de 2024. Ao todo, foram contratados 1,25 GW de capacidade instalada, em 48 parques[2], nos leilões regulados de 2018.

Vale mencionar, ainda, que também tivemos um bom ano no mercado livre, considerando que foram realizados ao menos três grandes leilões promovidos pela CEMIG (2 certames) e Casa dos Ventos destinados à comercialização de energias renováveis. “Embora os números dessas operações não tenha sido divulgado por fontes, estimamos que, de uma forma geral, as empresas de energia eólica venderam cerca de 2 GW de capacidade instalada para o mercado livre em 2018, o que demonstra que este mercado vem se expandindo consideravelmente para o setor eólico. Considerando, portanto, os contratos de leilão e a estimativa de venda no mercado livre, tivemos uma contratação estimada de 3,2 GW em 2018”, explica Elbia.

Para 2019, já há dois leilões agendados, sendo o primeiro um A-4 no dia 28 de junho e um A-6 no dia 26 de setembro.

“Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil, gosto de reiterar um conceito muito importante: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões”, resume Elbia Gannoum.

[1] O SIN atende praticamente todo o País e é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte.

[2] O total se restringe à 48 parques, pois 4 parques comercializaram apenas parte de sua garantia física e, portanto, participaram dos dois leilões.

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE CÁLCULOS DA MATRIZ ELÉTRICA

Para calcular a matriz por fonte, a ABEEólica utiliza os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, à disposição no BIG – Banco de Informações de Geração da ANEEL.

http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/Combustivel.cfm (Se você clicar em cada fonte verá detalhes específicos de cada caso).

Na matriz apresentada acima, no texto do release, nós detalhamos os fósseis por considerar que é importante sabermos que tipos de combustíveis estamos usando. Seria possível, no entanto, fazer uma matriz ainda mais detalhada, abrindo também os tipos de insumo da biomassa, ou ainda, apresentar o potencial hídrico detalhado, separando as Grandes Usinas e as Pequenas Centrais Hidrelétricas.

O fato é que não há uma única forma de se mostrar uma matriz. É importante reiterar isso.

Poderíamos, por exemplo, juntar todas as térmicas, independente do recurso utilizado como fonte primeira, e então as térmicas estariam em segundo lugar. Poderíamos, ainda, fazer uma matriz que separasse apenas o que é recurso renovável e o térmico. No caso do Brasil, por exemplo, teríamos 83,2% da matriz renovável e 16,7% térmica. Abeeólica

Veja Também

Brasil pode liderar transição energética global com avanços da fonte solar

O compromisso de triplicar o uso de energias renováveis no mundo e de duplicar a …