A busca por soluções energéticas mais limpas e sustentáveis tem levado o mundo a repensar a forma como produz e consome energia
No transcorrer do tempo, observando as últimas décadas, é possível notar que o mundo passou por uma série de transformações em vários setores da economia global. A partir desse movimento, o mercado global de geração de energia descentralizada passou a ser uma forte tendência, impulsionado, sobretudo, pela crescente demanda por soluções confiáveis, econômicas e, acima de tudo, sustentáveis.
Essa questão é muito aparente no relatório da Global Market Insights. Conforme o levantamento, no ano de 2024, esse mercado foi avaliado em cerca de US$ 48,98 bilhões. As estimativas e projeções apontam que daqui a nove anos, em 2034, atinja o valor de US$ 102,78 bilhões, considerando uma taxa de crescimento anual (CAGR) de 7,69%.
Por conseguinte, conforme os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em março de 2023, por exemplo, o Brasil alcançou o marco de 19 GW de geração distribuída compartilhada de energia solar. Esses números indicam que o interesse em fontes renováveis de energia e iniciativas mais sustentáveis estão crescendo cada vez mais no Brasil, acompanhando, portanto, essa tendência global.
Esse processo de descentralização busca romper com o modelo tradicional, baseado em longas linhas de transmissão e que majoritariamente são controladas por poucas empresas. Ao invés disso, a ideia é ampliar o espaço para os sistemas menores, mais flexíveis. Trata-se, portanto, de ampliar a oferta da geração distribuída.
A geração distribuída consiste na instalação de pequenas unidades geradoras de energia em locais como empresas, fazendas e comunidades, residências, entre outros. O ponto-chave é permitir que tais espaços produzam toda ou pelo menos parte da energia que consomem.
Mas qual seria a importância disso? De acordo com a empresa EMBER, no documento “Global Electricity Trends”, de 2023, aproximadamente 61% da eletricidade mundial foi gerada a partir de fontes fósseis, sendo que o carvão foi utilizado em cerca de 35% desse total. No entanto, em contrapartida, as fontes renováveis como solar, eólica, entre outras, representaram no mesmo ano cerca de 30% da geração elétrica global.
Alguns exemplos concretos de geração distribuída são as fazendas solares, os biodigestores, as fazendas de biogás, entre outros. Os biodigestores, por exemplo, especialmente pensando na agricultura familiar, são uma excelente forma de manter a autonomia do processo produtivo por parte dessas comunidades. Isso porque permitem transformar os resíduos orgânicos, como esterco animal e restos de culturas, em biogás e biofertilizantes.
Inclusive, um estudo recente, intitulado “Biodigestores: produção de biogás e sua utilização na agricultura familiar”, escrito por Dulce Maria Diniz Bezerra e demais colaboradores, destacou os benefícios socioeconômicos e ambientais do uso de biodigestores na agricultura familiar, incluindo produção de biogás, melhora da qualidade do solo e da água, redução da poluição, geração de créditos de carbono e criação de empregos.
Nesse sentido, é possível dizer que a geração distribuída é uma das estratégias mais promissoras para integrar diferentes fontes renováveis, como a energia solar, o biogás e até os sistemas híbridos, permitindo que consumidores também se tornem produtores e contribuam ativamente para a transição energética.
No fim, quando se observam as transformações ambientais causadas pelo antropoceno, a busca por fontes alternativas, inevitavelmente, precisa passar pela descentralização da produção energética. (Assessoria)