A chamada “safra dos ventos” — período entre junho e setembro em que a geração eólica atinge picos no Brasil — está sendo menos favorável em 2025. Segundo a Climatempo, a temporada de ventos fortes foi encurtada pela persistência das chuvas no litoral, que se estenderam sobre o período normalmente seco no Nordeste. Além disso, a previsão é de que as precipitações retornem mais cedo, já no início da primavera, reduzindo a duração do ciclo. “Existe uma correlação inversa bem marcada entre chuva e vento no Nordeste. Quando chove muito, os ventos tendem a enfraquecer; já nos períodos mais secos, a intensidade aumenta”, explica a meteorologista da Climatempo Marcely Sondermann. Em 2024, ano mais seco, as condições favoreceram ventos fortes e constantes.
Melhorias pontuais
Mesmo com a redução, a consultoria aponta para algumas melhorias pontuais de intensidade dos ventos ao longo de 2025, influenciadas por fatores locais. O fenômeno da safra de ventos está diretamente ligado à migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o Hemisfério Norte durante o inverno no Hemisfério Sul, o que normalmente diminui as chuvas no Nordeste e fortalece os ventos. Fenômenos como El Niño e La Niña também impactam a regularidade e a força dos ventos.
Apesar das variações climáticas, o setor segue em expansão. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica onshore, de acordo com o GWEC (Global Wind Energy Council). Em 2024, o país adicionou 3,27 GW à matriz elétrica nacional.
Previsão é fundamental
Para lidar com essas oscilações, a previsão meteorológica é ferramenta estratégica. “Ela ajuda a otimizar a operação das usinas, reduz custos ao evitar o acionamento desnecessário de outras fontes, aumenta a segurança ao antecipar episódios de ventos extremos e auxilia no planejamento de manutenções”, afirma Sondermann.
A Climatempo atende mais de 700 parques eólicos e solares no país e desenvolveu o módulo eólico dentro da plataforma SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo). A solução oferece previsões ajustadas na altura dos aerogeradores, dados em tempo real e análises georreferenciadas — o que permite estimar geração, fator de capacidade e até receita. Além do monitoramento diário, a empresa realiza fóruns mensais com análise retrospectiva e cenários futuros. Também fornece projeções de longo prazo que chegam a 60 meses, baseadas em fenômenos de teleconexão e técnicas de machine learning. Essas informações dão suporte ao planejamento estratégico do setor, cada vez mais relevante para a matriz elétrica brasileira.
Canal-Jornal da Bioenergia