Bioquerosene de aviação, nova fronteira para o etanol de cana

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A avaliação positiva da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) sobre a sustentabilidade do bioquerosene de aviação produzido a partir do etanol de cana, publicada no início de janeiro, representa um passo decisivo para destravar investimentos que poderão recolocar o Brasil na vanguarda das tecnologias de energia de baixo carbono. É o que aponta a Agroicone, organização que gera conhecimento e traça soluções para o agro brasileiro.

“O bioquerosene de cana-de-açúcar já havia sido avaliado e aprovado no âmbito multilateral no programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), mantido pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), que é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU). O reconhecimento pela EPA ratifica a sustentabilidade do produto brasileiro, facilitando o acesso aos recursos financeiros disponibilizados pelos governos”, diz a Agroicone.

A organização lembra que em 2010, quando o etanol de cana do Brasil foi inicialmente reconhecido pela EPA como um biocombustível avançado, as atenções estavam concentradas para as emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao uso da terra e para a redução das emissões, da ordem de 50%, gerada pela substituição da gasolina pelo etanol em veículos. Mas realça que a análise continha erros de avaliação sobre o teor de nitrogênio na palha da cana-de-açúcar, a dupla contagem das mudanças de uso da terra e as emissões do transporte.

“O atual desafio de viabilizar biocombustíveis de aviação em larga escala trouxe a necessidade de revisitar essa análise. Assim, em 2022, a Agroicone contribuiu com empresas interessadas nesse mercado e desenvolveu uma nota técnica em parceria com o professor Joaquim Seabra, da Unicamp, na qual apresenta uma revisão científica. O grosso das reduções diz respeito ao teor de nitrogênio na palha da cana, algo que já saltava aos olhos em 2010”, explica o sócio e pesquisador sênior da Agroicone, Marcelo Moreira, que coordenou as pesquisas, em nota.

O Agroicone realça que, diferentemente do que acontece na área de veículos leves, onde a “disputa” atual é entre combustíveis líquidos e a fonte elétrica, nos transportes de carga e marítimo, e na aviação, há consenso sobre a necessidade de uso de combustíveis líquidos. Daí porque as apostas em bicombustíveis para suprir essa demanda é crescente, inclusive em países desenvolvidos que precisam cumprir os compromissos de redução de emissão de gases que assumiram. Nos EUA, por exemplo, há subsídios do governo para o desenvolvimento de bioquerosene de aviação de baixa emissão em larga escala.

“Como resultado, o setor privado americano se lançou em uma investigação global na busca de biomassas capazes de atender os requisitos ambientais e de redução de emissões. Ao longo de 2022 houve grande interesse dessas empresas por biomassa e combustível de alta performance ambiental no Brasil”, informa o Agroicone. (Valor Econômico)

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