Créditos: Istock/Igor Alecsander

Transição energética ganha força com protagonismo solar e avanço do armazenamento no Brasil

O setor solar brasileiro atravessa um momento decisivo. Em meio a disputas regulatórias, pressões econômicas e desafios estruturais, lideranças da área reforçam que a transição energética já não é uma possibilidade futura, mas um movimento concreto e irreversível no País. À frente desse posicionamento está a ABSOLAR, que destaca a necessidade de enfrentar obstáculos com resiliência para sustentar o crescimento da fonte fotovoltaica.

Para Rodrigo Sauaia, CEO da entidade, o Brasil vive uma inflexão histórica: a consolidação da energia solar como futura líder da matriz elétrica. Ele ressalta que há uma movimentação nacional robusta, com debates sobre regras de mercado, expansão do armazenamento e fortalecimento da geração distribuída. A adoção de baterias, segundo Sauaia, está deixando de ser tendência para se tornar pilar estratégico — um caminho “disruptivo e inevitável”.

Rumos regulatórios e um setor que se adapta sob pressão

As discussões políticas e econômicas também moldam o panorama energético. Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, lembra que os impactos regulatórios recentes atingiram diretamente tanto a geração centralizada — afetada pelos cortes recorrentes — quanto a distribuída, envolvida em intensos embates em torno da reforma do setor elétrico. Ainda assim, a avaliação é otimista: a solar já demonstrou, mais de uma vez, capacidade de superação.

No cenário estadual e municipal, gestores públicos também reconhecem o papel estratégico da fonte fotovoltaica. Em São Paulo, iniciativas para impulsionar o setor buscam atrair empresas, investidores e data centers focados em soluções sustentáveis. A capital mira tornar-se referência nacional e internacional em inovação energética. Já a Bahia aposta em políticas estruturadas por meio de programas como o Protener, reforçando que o crescimento das renováveis exige planejamento, correção de efeitos colaterais e integração entre geração centralizada e distribuída.

Competitividade e certificação: apoio às pequenas empresas

Uma das frentes que ganha corpo é a parceria entre a ABSOLAR e o Sebrae, voltada a tornar pequenas empresas mais competitivas por meio da certificação. A iniciativa reduziu custos para os empreendedores e abriu espaço para qualificação técnica, ampliação de mercado e fortalecimento da cadeia produtiva. O Sebrae avalia que os negócios que conquistam o selo chegam ao mercado com vantagem estratégica e maior capacidade de oferecer soluções sustentáveis de alto padrão.

Economia, mercado e projeções para 2026

Com a aproximação de um ano marcado por tensões geopolíticas e eleições no Brasil, o setor solar se prepara para um ambiente volátil. Entre os desafios previstos estão cortes de geração renovável, gargalos na infraestrutura de transmissão e distribuição e negativas de conexão por inversão de fluxo de potência.

Apesar disso, a perspectiva financeira é robusta: mais de R$ 31 bilhões devem ser investidos em 2026, com a criação de 319 mil empregos verdes. No campo econômico, a tendência é de estabilidade do real e manutenção da Selic em patamar elevado, enquanto tarifas de energia devem seguir pressionadas acima da inflação — ampliando o interesse por alternativas renováveis.

Armazenamento: o eixo de transformação energética

O armazenamento desponta como tema central para o futuro do sistema elétrico. Especialistas destacam que baterias permitirão maior flexibilidade ao SIN, estimularão a integração de renováveis variáveis e abrirão espaço para novos modelos de negócio. O marco legal recente trouxe avanços, como inclusão da tecnologia no Reidi, mas pontos críticos ainda exigem atenção — entre eles, a definição da figura do Agente Armazenador e a revisão da dupla tarifação, tema parado na Aneel.

Segundo análises técnicas, 2026 será um ano de mudanças regulatórias profundas, com potencial para redefinir o mercado. O Operador Nacional do Sistema reconhece o armazenamento como prioridade estratégica, e experiências internacionais mostram como mecanismos de isenção tarifária podem acelerar sua adoção.

A visão global reforça o otimismo: projeções indicam que, em 2060, 79% da eletricidade mundial virá de solar e eólica. A capacidade de armazenamento deve crescer 25 vezes nas próximas décadas, impulsionada pela queda consistente no custo das baterias de íons de lítio.

Comunicação, dados e o desafio de falar com quem importa

Um ponto-chave apontado por especialistas em mídia é que a comunicação do setor precisa evoluir. Para alcançar consumidores e acelerar decisões de investimento, empresas devem abandonar discursos genéricos e adotar mensagens claras, simples e baseadas em dados reais. A conexão emocional e a empatia, reforçam comunicadores, são tão importantes quanto a informação técnica.

Um setor em evolução constante

Da regulação ao armazenamento, da economia à comunicação, os desafios existem — mas o que se destaca é o alinhamento do setor para enfrentá-los. A energia solar se consolida não apenas como alternativa sustentável, mas como eixo central do desenvolvimento tecnológico, social e econômico do País. E, diante de transformações iminentes, o compromisso coletivo será determinante para a construção da matriz elétrica brasileira do futuro. (Canal com informações da ABSOLAR)

Veja Também

Geração solar em telhados e no solo pode aumentar em até 20% com manutenção e limpeza dos equipamentos

Para Jacques Hulshof, CEO da TTS Energia, que constrói e opera usinas fotovoltaicas, a ausência …