Energia Solar: qual a longevidade dos sistemas?

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O  crescimento da energia solar fotovoltaica no Brasil e no mundo é expressivo. Em fevereiro de 2019, a capacidade instalada no País ultrapassou 2,5 GW. Apesar de ainda ser a sétima fonte em potência instalada na matriz elétrica do País, o setor movimentou só em 2018 R$ 9 bilhões. O dado é da Clean Energy Latin America (CELA).

Desde 2012, a Resolução Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite que o consumidor produza a própria energia com a geração distribuída. Telhados e fachadas de edifícios, coberturas de estacionamentos e até pequenas áreas de terreno ganharam placas e reduziram custos com a conta de energia.

O sistema nasceu com valores altos, mas com o passar dos anos e a entrada de novos players no mercado, esses custos têm reduzido. Cerca de 500 novas empresas entram no mercado por mês. Segundo mapeamento do Portal Solar, maior marketplace do segmento no País, a perspectiva é chegar ao fim do ano com aproximadamente seis mil companhias entrantes no mercado fotovoltaico nacional.

O consumidor questiona a longevidade destes sistemas, já que garantia deles é de 25 anos. Segundo Lucas Troia, Diretor de Novos Negócios da Sices, é importante esclarecer que não existe uma validade, mas sim, uma expectativa de vida útil dos equipamentos que na verdade varia entre os principais componentes do sistema. A vida útil dos módulos fotovoltaicos gira em torno de 35 a 40 anos, enquanto o inversor possui expectativa de 15 anos. “No entanto, vale destacar que cada equipamento possui uma garantia bastante longa”, revela. No caso dos módulos, são dez anos de garantia de fabricação e 25 anos de performance.

O painel solar é de longe o item que tem a maior durabilidade de um sistema, talvez junto com estrutura de fixação – que é feita para durar 25 a 30 anos, a vida útil do sistema como um todo. Os cabos, os conectores possuem um tratamento especial e também têm garantia de 25 anos.

De acordo com Meyer, o inversor é a parte mais sensível, já que é o coração do sistema. “Ele tem garantia padrão de cinco a dez anos, mas se tiver protegido do sol, da poeira e da umidade pode durar até 25 anos. Mas a chance é que depois de 10 a 15 anos o proprietário acabe trocando, substituindo por um mais novo, moderno, leve, enfim, mais bonito”, afirma.

O painel

Como citado, de práxis de mercado a garantia na eficiência de 25 anos, com uma perda de até 20%. “Algumas marcas menos, com 15%”, pontua Rodolfo Meyer, CEO do Portal Solar. Ele complementa que se espera que o painel solar depois de 25 anos esteja produzindo 80% de energia original da data de fabricação.

“Embora, a garantia seja de 25 anos, muitos painéis, a maioria, chegam a durar 40 a 50 anos. Nos laboratórios mais antigos, na Suíça e Alemanha acompanhamos essa curva de eficiência ao longo de mais de 40 anos. É um produto muito robusto”, afirma o CEO do Portal Solar.

Lucas complementa que os módulos, na verdade, possuem uma degradação natural, causada pelo envelhecimento natural da célula de silício, que representa em uma redução do rendimento dos módulos.

As principais razões da perda da eficiência são dois: LID – Light Induced Degradation (Degradação Induzida pela Luz) e o PID  – Potential Induced Degradation (Degradação Induzida Potencial). Saiba mais (quadro ao lado).

Há no mercado, principalmente internacional, painéis com garantia de até 30 anos. Esses possuem tecnologia mais modernas, são de monocristalino, com base em wafer tipo N, e  são dopados com fósforo.

Longevidade

O tempo de vida do sistema depende muito também da instalação. Com isso, o primeiro passo após tomar a decisão de fazer o projeto é estudar as empresas que possuem mais experiência e track record de instalações e clientes satisfeitos.

Troia pontua que o consumidor deve procurar empresas com mais tempo no mercado e com estrutura boa. “Procure saber a quanto tempo a empresa está no mercado, os número de projetos já instalados e número de funcionários. E peça para visitar um sistema instalado, converse com o cliente para entender como foi o atendimento e se o sistema está funcionando bem e trazendo a economia esperada”, explica.

Outra orientação dos especialistas é adquirir painéis solares com a certificação IEC 61215, que significa que o produto atende aos requisitos considerados mundialmente como os necessários para que o equipamento ter a durabilidade, desempenho e segurança necessária para ser comercializado em países como os da Europa, Japão, China, EUA e outros. Para esta certificação são realizadas dezoito testes, que asseguram que o painel terá essa performance ao longa da vida útil.

De acordo com Rodolfo Meyer, o Teste do Inmetro não atende os padrões de segurança e qualidade necessários. A avaliação exigida pelo Inmetro contempla apenas um dos 18 requisitos internacionais. “O Inmetro atesta apenas a eficiência do painel solar, garante a potência. Ele não cobre que o painel ficará 25 anos produzindo energia, que não vai entrar água e por diante”, relata.

Custos

A tecnologia solar fotovoltaica é a com menor valor de manutenção. O CEO do Portal Solar explica que se limita basicamente na limpeza dos painéis solares, que podem ter acumulo de poeira, principalmente nas áreas urbanas onde a poluição é alta. “E no inversor solar, em sistemas de grande porte – usinas, talvez a cada cinco ou 10 anos, seja necessário uma manutenção no sistema de refrigeração ou algo do gênero”, aponta.

Descarte

Por se considerada uma tecnologia nova ainda não há mercado de rejeito dos módulos obsoletos. “Como os módulos têm expectativa de vida bastante alongada e por conta do pouco tempo desse mercado no Brasil essa situação  ainda não é uma grande preocupação, mas com certeza com o crescimento do mercado e do número de projetos, esse será um tema importante a ser melhor pensado e discutido”, afirma Lucas Troia, Diretor de Novos Negócios da Sices.

Meyer complementa que ainda não se fala em reciclagem dos sistemas solares fotovoltaicos, mas o painel solar tem um material de alto valor agregado, no qual se tem basicamente silício, prata, vidro, alumínio e plástico. “São todos materiais recicláveis. Acredito que em breve vai se criar uma indústria de módulos fotovoltaicos, que será bem lucrativa, porque são matérias com alto valor agregado”.

Já visualizando esse nicho de mercado, a Sices Solar se filiou em 2018 ao PV Cycle, que é uma iniciativa mundial que promove a correta destinação dos resíduos provenientes desse tipo de equipamento. “Estamos fazendo um trabalho em conjunto com entidade, para que possamos desenvolver uma cadeia de reciclagem desse tipo de resíduo no Brasil”, revela Troia. 

 Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

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