Tecnologia é fundamental para redução de custos nas usinas

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Semente fértil, água limpa e solo adequado. Há algum tempo a receita para uma produção satisfatória no campo não tem sido tão simples. Mais que esses elementos básicos, as diversas tecnologias agregadas chegam para auxiliar o produtor e garantir que haja poucas perdas e grande produção.

Na lavoura, o produtor está acostumado a trabalhar com o auxílio dos computadores de bordo nos maquinários agrícolas. O diretor de Soluções de Gestão de Frota John Deere, Marcos Arbex, comenta que existem vários benefícios relacionados ao gerenciamento de frota nos aspectos de segurança, recursos humanos e ganhos logísticos. “O principal ganho está relacionado à melhoria de performance e disponibilidade, assim como a redução de custos de manutenção e operação.” Segundo ele, utilizando como exemplo o desempenho dos equipamentos, a partir do momento que se acompanha o tempo utilizado em cada atividade, pode-se selecionar quais atividades são improdutivas e não estão contribuindo para o trabalho. Assim, é possível montar um plano de ação para reduzi-las. “O resultado certamente será um número maior de horas de colheita, plantio, pulverização ou qualquer outra atividade produtiva.”

O diretor de Agricultura de Precisão da CNH Industrial para a América Latina, Gregory Riordan, explica que as tecnologias voltadas para a agricultura de precisão oferecem um retorno imediato ao produtor, com diversos ganhos, como a quantidade de linhas plantadas por hectare, eliminação de falhas e sobreposição, redução de consumo de combustível e aumento da eficiência operacional. “Com isso, é possível produzir mais em uma mesma área e com o menor custo.”

Outro ganho está relacionado à redução dos impactos ambientais. Como há maior precisão na aplicação de insumos, atividade feita conforme a necessidade, há um risco menor de haver excessos que possam contaminar o meio ambiente. “Por meio das informações de rastreabilidade, que mostram todos os detalhes das operações, inclusive por onde a máquina operou, é possível manter um registro para comprovar que tudo foi realizado corretamente, atendendo a  legislação ambiental”, pondera Riordan.

Além dos benefícios das tecnologias de automação, as tecnologias de coleta, transmissão e visualização dos parâmetros da operação oferecem um subsídio muito importante para avaliar a eficiência da operação. Riordan destaca que as características trazem uma base para correlação entre determinados ajustes e parâmetros, como consumo de combustível, patinagem entre outros. Adicionalmente oferecem informações importantes para acompanhamento da evolução dos indicadores de disponibilidade da máquina para que o produtor possa atuar nos fatores que estão impactando negativamente sua operação.

Custos

Marcos Arbex comenta que o valor para implantação de um sistema de gestão de frota é bastante variável de acordo com a tecnologia e etapa a ser adotada. Porém, o retorno do investimento é percebido dentro do primeiro ano de sua adoção. “O sistema de gerenciamento de frota indica onde se deve atuar para ganhar em performance, disponibilidade e custo, sendo que a velocidade do retorno do investimento vai depender das ações de acompanhamento que o produtor adota.”

Já Gregory Riordan comenta que, normalmente, os investimentos nesse tipo de tecnologia oferecem retorno em dois ou três anos. “Porém, além deste retorno, as empresas que buscam essas soluções também objetivam promover uma gestão continua e, a longo prazo, pensando nas oportunidades que a automação e a gestão de dados pode significar. A médio e longo prazo, o uso de sistemas de inteligência artificial, suporte a decisões e análises preditivas podem dar um salto significativo na melhoria das operações agrícolas.” Além disso, em muitas máquinas os monitores já fazem parte da configuração básica do equipamento, portanto, o investimento está incorporado em seu custo.

Soluções

Para o gerenciamento de frotas de máquinas agrícolas em usinas, a John Deere oferece a Guide Fleet, que se baseia no computador de bordo CBA3200 instalado nos equipamentos para aquisição de dados no campo e no GFExplorer, que é um software de visualização dos relatórios, rastreamento e KPI (Key Performance Indicators) da frota. Existem vários estágios de adoção deste gerenciamento de frota e cada usina, de acordo com seu progresso tecnológico, vai evoluindo também na solução adotada.

Em uma primeira etapa, são feitos os registros operacionais. São coletados dados do seu equipamento segundo a segundo pelo computador de bordo e eles são transferidos para o GFExplorer para serem exibidos os principais relatórios de suas atividades (horas produtivas e improdutivas, detalhamento de atividades, consumo de combustível, tempo de motor ocioso, excesso de velocidade e excesso de rotação, disponibilidade mecânica e outros).

Na segunda etapa é feito o rastreamento. O cliente recebe segundo a segundo as principais informações de seu equipamento monitorado (onde ele está e o que está fazendo naquele momento). É imprescindível ter comunicação online com o campo (via celular, satélite ou cobertura WiFi e rádio).

Já na terceira etapa é realizado o certificado eletrônico de cana. Nesta etapa o cliente pode substituir totalmente a nota de cana feita em papel por um certificado eletrônico, totalmente automático e com alta confiabilidade das informações (há informações de quem são os veículos e operadores envolvidos em cada carga de cana, qual o momento foi colhida e qual o posicionamento geográfico da colheita).

Na quarta etapa é feito o despacho dinâmico de tratores, que se direciona ao cliente que deseja otimizar a logística de sua frente de colheita, evitando o tempo de colhedora na atividade “aguardando transbordo”. Antes de finalizar a carga de um transbordo a colhedora já avisa da necessidade de receber outro trator de transbordo, para dar andamento a colheita de cana sem interrupções.

Por fim, a quinta etapa é a de Controle Operacional Agrícola (COA). Após colhidas todas as informações, é possível montar o COA, no qual se acompanha todas as atividades realizadas no campo, seus relatórios e rastreamento online, oferecendo subsídios para tomadas de decisões mais ágeis e efetivas para melhorar a performance, disponibilidade e custo de seus equipamentos.

A principal solução oferecida pela CNH Industrial em suas máquinas agrícolas é o Sistema de Informação, Automação e Controle, no qual os elementos centrais são os monitores – interface do operador com a tecnologia embarcada (PRO700, da Case IH, e Intelliview IV, da New Holland Agriculture). Por meio desse sistema, conseguimos realizar uma série de atividades que vão desde o controle e monitoramento de todas das funções do veículo, passando pelas funcionalidades de agricultura de precisão e sendo responsável pela gestão dos dados que são gerados pelas máquinas e disponibilizados pelo display, assim como dados agronômicos, quando integrado a outras tecnologias, como controladores de taxa variável ou monitores de produtividade.

O sistema possibilita uma série de funções que facilitam a operação e aumentam a produtividade e a eficiência das atividades. Um exemplo é a sequência automática de fim de linha, que permite programar várias ações pré-estabelecidas e automáticas toda vez que o sistema for acionado, antes e/ou depois de uma manobra. Essa função garante agilidade e sequência, padronizando e aperfeiçoando a operação. Outra funcionalidade disponível é o gerenciamento eletrônico de potência de motor e transmissão, que administra a rotação do motor e a marcha ideal para que a operação seja otimizada, reduzindo significativamente o consumo de combustível. Esse sistema também é responsável pelas funcionalidades de agricultura de precisão, que incluem o gerenciamento de produtividade, piloto automático, controle de aplicação, entre outros.

Por serem os elementos centrais desse sistema, os monitores recebem e interpretam as informações de praticamente todos os sensores instalados na máquina e que circulam no em seu barramento (rede de comunicação). As informações são registradas e armazenadas na memória do equipamento e são visualizadas no software de mapeamento disponibilizado, como parte da solução, ou exportadas em formatos abertos para serem inseridas em softwares GIS, que realizam a análise e interpretação das mesmas. Com a opção de telemetria, além das informações de operação da máquina, que podem ser acompanhadas no portal on-line, também é possível a transmissão remota dos dados brutos.

Em 2016 houve o lançamento do Sistema de Gerenciamento de Produtividade. O sistema traz uma resposta importante em quantificar a variabilidade da produção da cana nos talhões. Esta técnica permite, além de entender a variabilidade, implementar uma série de procedimentos de agricultura de precisão que utilizam o mapa de produtividade como base. Adicionalmente é uma importante ferramenta de gestão para entender a capacidade de colheita em tempo real e determinar indicadores de eficiência para organizar toda a operação.

Outra novidade foi o sistema de telemetria, utilizado para monitorar a máquina e seu desempenho e realizar a “logística” dos dados entre a máquina e o escritório, que até então necessitava de um pen drive e uma logística física para a transferência de informações. Esta funcionalidade também foi ampliada não apenas para os dados do veículo, mas também para transferência de informações coletadas de implementos ISOBUS, que também podem ser transferidos diretamente da máquina para o escritório.

A novidade mais recente da CNH Industrial foi o lançamento de um novo sinal de correção, chamada de Xfill Premium. Essa função trabalha em conjunto com RTK e entra em ação a qualquer momento de interrupção do sinal RTK, garantindo um trabalho com uma precisão de até 3,8 cm e repetitividade. A vantagem é que o sistema consegue seguir trabalhando mesmo em momentos que a correção RTK não esteja disponível ou mesmo em áreas de sombreamento de sinal. A função garante uma maior disponibilidade para aplicações de RTK e um melhor aproveitamento da frota.

Ana Flávia Marinho – CANAL-Jornal da Bioenergia

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