Biogás: produção aumenta 14% no último ano

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A  produção de biogás em 2017 cresceu. Segundo dados da Associação Brasileira de Biogás e de Biometano (ABiogás), as 35 usinas em operação atingiram 135,279 megawatt (MW) de potência instalada. Este aumento representa 14% de crescimento em relação ao ano anterior, no qual a potência instalada era de 118,6 megawatt (MW).

Mesmo com este crescimento, o setor acredita que o número ainda é tímido. Na matriz energética brasileira a energia proveniente do biogás representa apenas 0,08%. “Temos muito a crescer ainda. O biogás pode suprir 24% da demanda de energia elétrica”, reflete Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás.

Todos os anos, o Brasil deixa de gerar 115 mil gigawatts-hora (GWh) de energia com o não aproveitamento do potencial disponível para geração de biogás que vem do rejeitos urbanos, da pecuária e da agroindústria. A ABiogás acredita que é viável que o Brasil alcance uma produção diária de 10,7 milhões de m3/dia até 2025 para produção de bioeletricidade.

Atualmente a principal fonte desta energia é oriunda dos resíduos sólidos urbanos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há 19 usinas que compõem a matriz elétrica. “Vale destacar que o setor que tem maior capacidade de geração no Brasil é o sucroenergético. Esse segmento poderia gerar 39 bilhões de metrôs cúbicos de biogás por ano”, revela Gardemann.

O presidente da Associação Brasileira de Biogás e Metano (AABM), Mario Coelho, afirma que com a lavoura de 1,5 milhão de hectares de milho é possível gerar a energia elétrica para um ano inteiro de um estado como o Rio Grande do Sul. Enfim, 1,5 milhão de hectares geraria 30 milhões MWh/ano.

Coelho acredita que o campo deve produzir o biogás para ser autossuficiente na produção de energia. “Hoje o agricultor paga mais de R$3 no litro de diesel. Mas, em cada hectare ele pode produzir 5.111 Nm³ de biometano. Cada Nm³ de gás metano equivale a 1 litro de diesel. Assim, fica fácil fazer a conta. Se em 20 mil hectares a um agricultor gasta, uma média por baixo, 3 milhões de litros de diesel, o custo anual é de R$ 9 milhões com o combustível. Uma planta de biometano custa R$11 milhões. Com a adesão ao biometano, o investimento se pagaria em  2 anos”, pontua.

Adesão

Para o presidente da AABM o entrave para o crescimento desta fonte de energia é a legislação estadual. “É necessário a isenção do Confaz para o autoconsumo. Santa Catarina e Rio Grande do Sul já estudam esta adesão”, explica.

Para a Abiogás, ainda falta entendimento sobre as reais vantagens econômicas, ambientais e sociais do biogás por parte da população. “Temos trabalhado para isso. Anualmente desenvolvemos o Seminário Técnico e o Fórum do Biogás, o maior evento da América Latina nesse setor”, pontua Alessandro. O objetivo deste encontro é oferecer informações e subsídios para que os formadores de opinião e tomadores de decisão apostem no biogás como fonte de energia capaz de promover um novo desenvolvimento no Brasil.

A Associação ainda complementa que o Programa RenovaBio, assinado em março,  é uma importante política de biocombustíveis para a descarbonização da economia.  “O ato marcou um importante passo do Brasil para a consolidação de uma política de biocombustíveis que promete incentivar a produção nacional de combustíveis renováveis, como o biometano”, reflete Alessandro.

Futuro próximo

Ainda em 2018 grandes usinas já entraram em operação, como a CS Bioenergia, no Paraná, com potência de 2,8 MW. “A Abiogás está construindo com políticas estaduais no Sul e Sudeste, o que deve viabilizar mais projetos. Em 2018 estamos confiantes que o crescimento continuará em dois dígitos”, conclui o presidente.

Esta parceria já é visível em São Paulo. A Secretaria de Energia e Mineração do Estado instalou em março de 2017 o Comitê Paulista de Biogás, que estudou o percentual de inserção do biometano no gás natural canalizado, bem como os impactos dessa mudança no mercado.

O Programa Paulista de Biogás busca diversificar o suprimento energético, consolidar as cadeias produtivas de energias renováveis aliando o desenvolvimento de polos tecnológicos no Estado e estimular a geração distribuída aliada com políticas públicas adequadas em consonância com o RenovaBio. Segundo levantamento da Secretaria de Energia e Mineração, atualmente existem em São Paulo 201 usinas sucroenergéticas, sendo que 66 delas estão a 20 quilômetros da rede de gasodutos.

Outro potencial de geração de energia elétrica pelo biogás é pelo reaproveitamento de resíduos sólidos urbanos. O Estado de São Paulo produz uma média de 53 mil toneladas de lixo por dia, o que representa uma potência instalada de 70 megawatts a partir de biogás de aterros sanitários. Caso fosse totalmente aproveitado, estima-se que o potencial de geração de energia de todo o lixo seria suficiente para abastecer em 30% a demanda de energia elétrica atual do Brasil.

 

Canal-Jornal da Bioenergia

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